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Thaís Oyama

O caso da porrada: polarização e Damares Alves são as armas de Bolsonaro

Damares Alves: a lanceira de Bolsonaro na guerra de costumes  - Agência Brasil
Damares Alves: a lanceira de Bolsonaro na guerra de costumes Imagem: Agência Brasil

Colunista do UOL

25/08/2020 10h02

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Bolsonaro apanhou feio nas redes sociais.

Monitoramento da Bites mostrou que, considerando os últimos doze meses, o perfil do presidente no Twitter nunca recebeu tantas críticas.

Da tarde de domingo à noite de ontem, a plataforma registrou 1,7 milhão de tuítes com menções aos depósitos de R$ 89 mil feitos por Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Foi Bolsonaro quem provocou: "Minha vontade é encher tua boca com uma porrada", disse ao repórter do Globo que tocou no assunto.

Mas a notável quantidade de cobranças e xingamentos feita por opositores do presidente na internet não foi a lição mais importante do episódio.

Presidente recebe críticas, mas também novos seguidores

Desde o dia 18 de junho, quando emudeceu por força da prisão do amigo Queiroz, Bolsonaro passou a perder seguidores diariamente nas redes — nos melhores dias, conseguia no máximo manter o mesmo número.

Entre domingo e segunda-feira, porém, juntamente com a enxurrada de críticas, o ex-capitão voltou a ganhar seguidores. Foram 3.102 novos perfis conquistados só no Twitter.

É pouco para o presidente, mas foi a primeira oscilação positiva registrada na plataforma desde que ele caiu em silêncio.

Isso porque, se há uma coisa que agrada os apoiadores de Bolsonaro é ver o ex-capitão arrumar briga — se for contra a imprensa e a esquerda, então, tanto melhor.

Bolsonaro será Bolsonaro

À luz dessa premissa, duas certezas se avistam no horizonte.

A primeira é de que, quanto mais se aproximar 2022, mais Bolsonaro será Bolsonaro.

A segunda é de que, para fidelizar sua plateia, não bastará ao presidente atacar os inimigos — reais e imaginários— de sempre.

Tendo erigido seu núcleo duro de apoio sob a rocha do conservadorismo moral e religioso, Bolsonaro terá de voltar a brandir a espada ideológica, até para compensar as bandeiras que largou pelo caminho, como a do combate à corrupção e à "velha política".

Damares, a lanceira

Nessa batalha, a lanceira do presidente atende pelo nome de Damares Alves e seu ministério da Mulher, da Família, dos Direitos Humanos e, já dá quase para acrescentar, do Combate à Pedofilia (ministra e governo não desperdiçam uma oportunidade de levantar o assunto).

Bolsonaro quieto perde apoio.

Bolsonaro belicoso e polarizador faz sucesso.

Vem muita porrada ainda pela frente.