O que faz a candidatura Celso Russomanno derreter pela terceira vez
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Cumprindo o que parece ser seu carma, Celso Russomanno, que pela terceira vez largou na frente numa eleição para prefeito de São Paulo, pela terceira vez derrete às vésperas do primeiro turno.
Pesquisa Datafolha mostrou que o apresentador de TV e deputado pelo Republicanos perdeu sete pontos percentuais desde o início do mês, o que já o coloca atrás do tucano Bruno Covas (PSDB). Trata-se de uma senhora desinflada para quem arrancou nove pontos à frente do atual prefeito.
O fenômeno já havia ocorrido em 2012 e 2016, ocasiões em que Russomanno largou bem mas não chegou ao segundo turno. Desta vez, o apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à sua candidatura fez o ex-apresentador acreditar que o final da história seria diferente.
Até o momento, nada autoriza essa esperança.
Russomanno e Bolsonaro guardam bastante em comum. Ambos têm perfil populista e habitaram o baixo clero da Câmara, onde fizeram sucesso cultivando a imagem de "outsiders" da política e ancorando suas campanhas em sambas de uma nota só: a defesa do consumidor, no caso de Russomanno; e o combate à criminalidade, no caso de Bolsonaro.
Terminam aí as semelhanças entre os dois.
Consumidor já não precisa tanto de um defensor -- ele mesmo se defende
Bolsonaro soube transpor o fosso que separa uma campanha para deputado de outra para um cargo majoritário. Ampliou seu discurso e seu público incorporando pautas conservadoras e fazendo uso das redes sociais em escala inédita.
Russomanno, ao contrário, deixou-se atropelar pelo tempo. A bandeira da defesa do consumidor passou a fazer pouco sentido num mundo em que qualquer um pode botar a boca no trombone — e ser ouvido— caso se sinta prejudicado por maus serviços prestados por empresas ou pelo poder público. A internet dispensou intermediários. Se ficou bom para ambas as partes, piorou para Russomanno, até hoje uma presença insignificante nas redes.
Sobrou para o deputado a popularidade resultante de mais de três décadas como apresentador de TV - o que não é um ativo desprezível quando se lembra que a mesma experiência foi fundamental para as eleições do governador de São Paulo, João Doria, e do presidente americano, Donald Trump.
Tudo vai bem até o candidato falar
Ocorre que, sem discurso a oferecer, a popularidade conquistada ao longo de três décadas por Russomanno dura até o momento em que ele abre a boca — e o eleitor constata que de lá nada sairá além de inconsistências e escorregões.
A frase que resultou na ideia do "fim do Bilhete Único" aniquilou sua candidatura em 2012. A de que os mendigos não contraem covid-19 porque não tomam banho parece ter acendido um sinal de alerta nos que pretendiam dedicar-lhe seu voto.
Para completar, Russomanno, que confiou em Bolsonaro para consolidar suas intenções de voto, até o momento está a pé. O máximo que o presidente fez foi autorizar o uso da sua imagem nos programas eleitorais. Com isso, tampouco o bolsonarismo encampou o nome do apresentador.
Assim, um candidato com parcas qualificações e preparo segue na direção do seu destino, que é o de em breve aterrissar após mais um voo de galinha. Não é uma má notícia para São Paulo.
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