Boulos mostra que Bolsonaro deve temer o ódio como cabo eleitoral
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Quem diria.
Gente que nunca votou na esquerda diz agora apoiar Guilherme Boulos.
O candidato a prefeito de São Paulo pelo PSOL, ativista do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, aparece com 35% das intenções de voto na pesquisa Ibope divulgada ontem (o tucano Bruno Covas lidera com 47%).
Considerando que, historicamente, os votos da esquerda na capital não passam de 20%, é certo que o líder dos sem-teto vem abocanhando eleitores para além de seu campo político.
É fácil entender por quê.
O eleitorado de centro é pendular. Quando não tem um candidato com quem se identifica, ora corre para a direita, ora opta pela esquerda —em regra, motivado pela rejeição ao candidato postado em uma das extremidades.
"Ódio a João Doria"
Na opinião de um dos mais argutos políticos brasileiros, íntimo participante da cena política paulista, no caso da capital, o eleitor de centro está indo para Boulos "por ódio ao Doria" — lembrando que, para parte do eleitorado, o governador de São Paulo, João Doria, é um representante da direita, além de padrinho político de Covas.
O mesmo fenômeno ocorreu no plano federal em 2018, só que com sinal trocado.
O "ódio ao PT", somado à desastrosa campanha do candidato centrista, o tucano Geraldo Alckmin, fez com que o eleitorado situado entre as extremidades políticas corresse para a direita e elegesse Jair Bolsonaro.
Por enquanto, 2022 não tem um candidato de centro. Sergio Moro, Luciano Huck, Luiz Henrique Mandetta não passam de possibilidades, e em alguns casos, remotas.
A polarização de olho em 2022
Se nenhum dos nomes desse campo se consolidar e nada mais promissor surgir no horizonte, a polarização de 2018 tende a se repetir em 2022.
Jair Bolsonaro, o candidato da direita, duelará com um nome da esquerda.
E a depender do índice de rejeição do presidente, desta vez poderá sobrar para ele o "ódio" que o pendular eleitorado de centro dedicou ao PT em 2018.
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