A "conversinha" da segunda onda pegará os brasileiros sem bote salva-vidas
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Neste momento, líderes do mundo inteiro estão procurando formas de evitar a chegada de uma segunda onda do coronavírus em seus países ou de lidar com ela, no caso dos já atingidos pelo repique da pandemia — quase todas as nações da Europa, Estados Unidos e Índia, entre outros.
No Brasil, os números da covid-19 voltaram a gritar há algumas semanas. O índice que mede o ritmo de contágio passou de 0,68 para 1,10 no balanço do Imperial College de Londres divulgado ontem. Significa que um grupo de cem pessoas contaminadas, que antes transmitia o vírus para um grupo numericamente menor, de 68 indivíduos, agora contagia um grupo maior, de 110 pessoas.
Em São Paulo, a média de internações de pacientes com covid-19 aumentou 18% na semana passada. Foram 1.009 internações em hospitais públicos e privados do estado contra uma média de 859 no período anterior. Para o pesquisador da USP Domingos Alves, o Brasil já vive uma segunda onda.
Que providências o Ministério da Saúde está tomando para se precaver contra a situação?
Está em estudo uma estratégia para testagem em massa, como as aplicadas desde o início da pandemia em países asiáticos (que, não por coincidência, têm sido os menos atingidos pela segunda onda)?
Alguém planeja uma campanha de informação para reforçar as medidas de prevenção que o cansaço generalizado afrouxou?
Há um plano para ampliar a adesão a aplicativos de monitoramento da doença como o desenvolvido pela Fiocruz em conjunto com o governo da Bahia, simples e gratuito?
Ministro prefere falar sobre próstata
Sobre essas questões, o ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, não deu até agora um pio.
Em sua última aparição pública, o general, que se recupera da covid-19, recusou-se a responder qualquer pergunta não relacionada ao evento do dia — o lançamento da campanha Novembro Azul, de combate ao câncer de próstata.
Da única vez que Pazuello, provocado, se pronunciou sobre o risco da segunda onda no Brasil foi para dizer que ele estava menos preocupado com a possibilidade do que com a demanda represada por atendimento a outras doenças causada pela pandemia.
Ninguém sabe o tamanho da onda que se aproxima.
Mas tudo indica que, no que depender do ministro Eduardo Pazuello, ela pegará os brasileiros sem boia nem colete salva-vidas.
Quanto ao presidente Jair Bolsonaro, com quem neste caso não se espera mesmo contar, este já declarou que a segunda onda é "conversinha", assim como a primeira era uma "gripezinha".
Nas catástrofes, sorte dos países que têm líderes, e não governinhos.
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