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Thaís Oyama

Planalto quer caçar aliados de Mourão temendo "conspiração do impeachment"

Bolsonaro sempre desconfiou que Mourão conspirava contra ele, agora desconfia que o general pode não estar só - Francisco Stuckert/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Bolsonaro sempre desconfiou que Mourão conspirava contra ele, agora desconfia que o general pode não estar só Imagem: Francisco Stuckert/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Colunista do UOL

01/02/2021 10h27

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Resumo da notícia

  • Notícia de que assessor do vice-presidente sondou gabinete de deputado sobre impeachment acende alerta no Planalto
  • Bolsonaro, que nunca confiou totalmente em Mourão, teme que militares passem a apoiar a ascensão do general
  • Segundo assessor do presidente, resta apenas saber onde militares simpáticos ao impeachment estão lotados

Jair Bolsonaro nunca confiou em Hamilton Mourão.

Quando, candidato à Presidência, o ex-capitão foi vítima de atentado à faca, deu ordens do leito do hospital para que o filho Eduardo Bolsonaro assumisse a campanha de modo a impedir o protagonismo do general. Já no governo, por razões que só ele conhecia, passou a acreditar que o vice queria derrubá-lo e chegou a desconfiar que o general grampeava suas conversas no Palácio da Alvorada.

Agora, as suspeitas presidenciais começam a transbordar para além do território de Hamilton Mourão, desde o início do governo confinado ao Anexo II do Palácio do Planalto.

A revelação feita pelo site "O Antagonista" de que Ricardo Roesch, chefe da assessoria parlamentar do general, teria abordado o chefe de gabinete de um deputado pelo WhatsApp para discutir a possibilidade de impeachment do presidente não chocou Bolsonaro pelo seu valor de face.

Até pela precariedade do método, ninguém acredita que o assessor tenha agido a mando do chefe (Roesch foi demitido por Mourão na sexta-feira; ele nega ter escrito as mensagens e afirma ter tido seu celular "hackeado").

Mas tampouco alguém duvida que uma "conspiração dos assessores", como a trapalhada vem sendo chamada no Palácio do Planalto, só vingaria em condições ambientais favoráveis, caso pressuposto da estufa do anexo II do mesmo prédio (onde está o gabinete de Mourão) — e talvez de outros ambientes.

É onde entra a pulga que foi parar atrás da orelha de Bolsonaro.

Em determinado trecho da mensagem que o chefe da assessoria parlamentar do vice-presidente nega ter escrito, consta que "Mourão dividiu a ala militar".

Diz o texto: "Antes, Heleno [general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional e o mais próximo ministro militar de Bolsonaro] dominava, agora estão divididos — capitão está errando muito na pandemia. General Mourão é mais preparado e político".

A pulga consiste na suspeita de que existam, no entorno do presidente, militares que se aliaram a Mourão e agora conspiram contra Bolsonaro.

Um assessor presidencial diz não ter dúvidas de que esses militares existem: "É preciso agora saber se eles estão dentro ou fora do Palácio do Planalto".

E, claro, quantas estrelas carregam nos ombros.

As teorias conspiratórias sempre atormentaram as noites de Bolsonaro.

Agora, o ex-capitão tem um bom motivo para passá-las em claro.

Hoje, em meio à batalha na reta final das eleições do Congresso, em que Rodrigo Maia afirmou ter a carta do impeachment aprovada em sua manga, Mourão foi às redes manifestar apoio ao capitão:

O colunista Chico Alves, do UOL, ouviu generais da reserva e da ativa, que em sua maioria reprovam gestão de Bolsonaro, mas não acreditam em impeachment.