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Decreto de armas é migalha de Bolsonaro para distrair apoiadores
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"O povo tá vibrando".
Isso disse o presidente Jair Bolsonaro no domingo, congratulando-se a si mesmo pela publicação dos decretos que facilitam a compra de armas e munição para parte da população.
Impossível dizer quanto da frase se deve ao legítimo entusiasmo do ex-capitão por balas e fuzis e quanto dela deve ser atribuído à influência de acólitos ávidos por serem os primeiros a massagear o ego do chefe com boas notícias — às vezes francamente exageradas, como se vê.
Difícil ver nos decretos medidas que justifiquem tanto júbilo e vibração.
As mudanças nas regras para armamentos são basicamente quantitativas. Em vez de poder comprar ou portar um número x de armas e munições, caçadores, atiradores esportivos e colecionadores (os chamados CACs), além de agentes de segurança, agora estão autorizados a comprar ou portar um número maior de equipamentos.
Os decretos —que também preveem uma ou outra mudança destinada a simplificar procedimentos para a aquisição de armas— estão sendo criticados no mérito (desarmamentistas defendem que eles potencializam a violência) e no seu aspecto legal (o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, afirmou que invadem competências do Legislativo).
Com isso, Bolsonaro conseguiu o que queria: fazer algum barulho em torno de uma das poucas promessas de campanha que até agora não quebrou ("No meu governo, cada brasileiro vai ter um fuzil na mão") e reavivar a imagem do capitão de "arminha" na mão.
Trata-se de um truque ao qual ele volta e meia recorre quando monitoramentos do Palácio do Planalto indicam perda de apoio nas redes sociais.
Nas conversas que o novo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), travou com interlocutores do governo, deixou claro que a pauta de costumes não seria prioridade de sua gestão.
Assim, Bolsonaro decidiu baixar decretos.
E se inebria com a ideia de que o "povo está vibrando" com eles.
Faz parte do portfolio do líder populista acreditar que fala em nome do "povo" — entendendo por "povo" a parte da população que está com ele e que é oprimida pelas "elites" - elites que o líder populista heroicamente combate.
Bolsonaro acha que os CACs são "o povo".
Melhor faria o ex-capitão se se preocupasse com as vacinas, além do preço do óleo de soja e da gasolina.
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