Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Kassio Marques e André Mendonça são o sonho de Estado de Bolsonaro
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"Ele está 100% alinhado comigo".
Jair Bolsonaro se referia a Kassio Nunes Marques quando postou a frase em sua conta no Facebook, em outubro do ano passado, dias depois de confirmar o nome do desembargador para a vaga de Celso de Mello no Supremo Tribunal Federal.
Até agora, Nunes Marques não decepcionou o presidente.
Em dezembro do ano passado, na discussão sobre a possibilidade de reeleição da cúpula do Congresso - que significaria a manutenção de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara e a de Davi Alcolumbre (DEM-AP) no comando do Senado— seis ministros votaram contra a recondução e quatro a favor. Já Nunes Marques isolou-se de seus pares ao inventar um voto híbrido: posicionou-se a favor da reeleição de Alcolumbre, aliado de Bolsonaro, mas contra a recondução de Rodrigo Maia, inimigo de morte do presidente.
Na votação sobre a suspeição de Sergio Moro, no mês passado, Nunes Marques se posicionou a favor do ex-juiz da Lava Jato, o que, na prática, significou colocar-se "contra Lula". Em outras palavras, de novo votou precisamente como teria votado Bolsonaro.
No último sábado, Nunes Marques, contra tudo e contra todos, decidiu proibir Estados e municípios de suspenderem celebrações religiosas em função do coronavírus. Por meio de medida cautelar, o ministro liberou as aglomerações em cultos e missas no pior momento da pandemia, contrariando posição tomada anteriormente pelo próprio tribunal - em abril do ano passado, o STF decidiu por unanimidade que governadores e prefeitos têm autonomia para decretar as ações de isolamento que acharem necessárias.
Mais uma vez, a ação de Nunes Marques coincidiu com a vontade de seu padrinho, o presidente Jair Bolsonaro.
Jair Bolsonaro gosta de gente que se comporta como o ministro Nunes Marques. E o contrário também é verdadeiro.
O ex-ministro da Justiça Sergio Moro não fez o que Bolsonaro queria —entre outras coisas, substituir o diretor-geral da PF que não colaborava com assuntos do interesse do ex-capitão. Bolsonaro demitiu Moro e colocou o fidelíssimo aliado André Mendonça em seu lugar.
O ex advogado-geral da União José Levi não fez o que Bolsonaro queria —entre outras coisas, assinar uma ação pedindo que o STF impedisse governadores de adotarem medidas restritivas de circulação durante o agravamento da pandemia da covid-19. Bolsonaro tirou Levi e, novamente, pôs na vaga o fidelíssimo André Mendonça, substituído na pasta da Justiça pelo delegado Anderson Torres.
O ex-comandante do Exército Edson Pujol não fez o que Bolsonaro queria —entre outras coisas, manifestar-se publicamente contra a decisão do ministro do STF Edson Fachin de anular as condenações do ex-presidente Lula. Bolsonaro despachou Pujol para casa e, na impossibilidade de colocar André Mendonça em seu lugar, acabou engolindo um nome da lista tríplice enviada pelo Exército, o do general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.
Para Bolsonaro, o Estado não é apenas uma extensão de seus domínios. É uma estrutura que deve se prestar aos seus interesses políticos e à blindagem da sua enrolada família - e é por isso que lá só cabe gente 100% alinhada com ele.
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