Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Para Bolsonaro, a Copa América é a cloroquina de chuteiras
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Sediar a Copa América neste momento é mais arriscado do que fazer a Libertadores no Brasil?
É, dizem epidemiologistas.
No caso da competição entre clubes da América do Sul, os jogadores vêm para o Brasil e voltam para casa logo depois da partida. É fácil manter todo mundo numa "bolha".
Já na Copa América, as seleções passam, no mínimo, duas semanas no país. E não há como impedir no período a livre circulação dos visitantes, que não serão poucos.
Se cada delegação trouxer 65 pessoas (o máximo permitido), chegará a 585 o número de indivíduos vindos de países diferentes circulando por ao menos 14 dias no Brasil. "Com isso, o país se arrisca não só a importar variantes do coronavírus como também de exportar as cepas existentes aqui", afirma o epidemiologista Pedro Hallal, ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas e coordenador do Epicovid-19. "E se há mais turistas que isso entrando diária e livremente no país, isso não deveria acontecer. Um erro não justifica o outro", afirma.
Por saber ou intuir os perigos que envolvem a realização do campeonato no país, a maior parte dos brasileiros é contra a iniciativa, como já mostraram pesquisas. Pelos mesmos motivos, acrescidos do receio de arranhar a própria imagem, a maioria dos patrocinadores do evento decidiu não fazer campanhas no Brasil.
O presidente Jair Bolsonaro, no entanto, abraçou-se à ideia de sediar o campeonato que Argentina e Colômbia recusaram com a mesma fúria que dedica às suas outras obsessões.
A interlocutores, o presidente tem explicado da seguinte maneira o raciocínio tortuoso por trás de sua decisão: sediar a Copa América será a "prova" de que aquele Brasil "pintado pela CPI e pela TV Globo" é uma mentira, dado que é o único país a "oferecer segurança" para um evento desse porte.
Não faz qualquer sentido?
Tem mais.
O presidente tem dito também que a realização do campeonato transmitirá à população uma "imagem de normalidade" do país, em substituição ao clima de "histeria" reinante.
Mas de que adiantaria "transmitir uma imagem de normalidade" em meio à total anormalidade de uma pandemia?
Perde tempo quem procura lógica na cabeça de Bolsonaro.
Tudo que existe lá é vento e ideias fixas. A Copa América é a cloroquina de chuteiras, o negacionismo dentro das quatro linhas.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.