Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Eduardo Bolsonaro revela truque e intenção que nunca saiu da cabeça do pai
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Se alguém não havia entendido ainda, Eduardo Bolsonaro cuidou de deixar claro o que se passa pela cabeça de Jair Bolsonaro, seu pai.
Ontem, em entrevista à Rede TV, o deputado federal afirmou que "vai chegar uma hora" em que as ordens expedidas pelo Supremo Tribunal Federal" não serão mais cumpridas". Eduardo criticava medidas recentes determinadas pela Corte, como a da prisão preventiva do ex-deputado Roberto Jefferson e a inclusão de Jair Bolsonaro no inquérito das fake news.
Para o filho Zero Três do presidente, Bolsonaro "tenta sempre agir dentro das quatro linhas da Constituição", mas o STF não lhe deixa saída."Não tem mais corda para você esticar".
O próximo passo, portanto, sugeriu, poderá ser a recusa do presidente da República em acatar uma determinação do Judiciário, o que significará uma ruptura institucional de grau convulsivo imprevisível.
Bolsonaro repete truques e padrões.
Quando, em maio do ano passado, o então decano do STF, Celso de Mello, cogitou a possibilidade de apreender o seu telefone celular, o general Augusto Heleno, chefe da Casa Civil, divulgou uma nota dizendo que a tentativa de cumprimento da medida teria "consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional".
A nota foi assinada por Heleno, mas a ameaça de descumprir a ordem do tribunal era de Bolsonaro. Ela foi divulgada duas semanas antes de uma bateria de manifestações marcadas em todo país em favor do presidente.
Da mesma forma, a fala de Eduardo é a fala de Bolsonaro, e ocorre a vinte dias dos protestos em prol do governo marcados para 7 de setembro.
Em 2019, também em maio e também às vésperas de manifestações, Bolsonaro repassou em seus grupos de Whatsapp o que ficou conhecido como "texto apavorante", em que dizia que, por culpa do Congresso e do STF, o país poderia chegar a uma "ruptura institucional irreversível, com desfecho imprevisível".
No último dia 14, conforme revelou o colunista Guilherme Amado, do Metrópoles, o presidente, mais uma vez, compartilhou numa lista de transmissão no WhatsApp mensagem conclamando apoiadores a mostrar "que o presidente e as Forças Armadas" têm o apoio necessário para dar um "necessário contragolpe". O texto dizia que a manifestação de 7 de setembro deve ser "absurdamente gigante".
A fala de Eduardo Bolsonaro deixa claro não apenas o que se passa na cabeça de Jair Bolsonaro, mas o que sempre esteve dentro dela e só não transbordou para a realidade até agora por falta de apoio.
Uma manifestação esvaziada no próximo dia 7 será a melhor forma de esfriar os ímpetos golpistas do presidente — e o contrário também é verdadeiro.
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