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Bolsonaro derrete, mas pode recuperar pontos com classe C e evangélicos
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A pesquisa Ipec divulgada ontem é boa para o ex-presidente Lula (27 pontos à frente de Jair Bolsonaro, o segundo colocado); ruim para o ex-juiz Sergio Moro (empacadíssimo em seus 6% de intenção de votos); e péssima para Bolsonaro, que se dá mal em todos os quesitos.
Segundo o Ipec, 70% dos entrevistados disseram não confiar no presidente, 68% afirmaram desaprovar a maneira como ele governa o Brasil e, dentre os que declararam ter votado nele em 2018, 55% dizem pretender escolher outro nome em 2022 — ou seja, por algum motivo não votarão no ex-capitão novamente ou se arrependeram de tê-lo apoiado na eleição passada.
O derretimento de Bolsonaro, porém, está longe de tirá-lo da segunda colocação nas pesquisas.
Na pergunta espontânea de intenção de votos, o presidente tem um percentual quatro vezes maior do que a soma dos três nomes melhor pontuados da terceira via (Moro, Ciro Gomes e João Doria). Mesmo a dez meses da eleição, é muita diferença para tirar.
Assim, contando também que Bolsonaro tem a máquina do governo, e já deu mostras de que não se vexará em fazer desbragado uso dela nas eleições, a tendência é de que recupere alguma popularidade até outubro.
O cientista político e diretor da consultoria Quaest, Felipe Nunes, aposta que que essa recuperação ficará em, no máximo, 5 pontos percentuais.
Significa que os cerca de 20% de intenção de votos que Bolsonaro tem hoje poderão chegar a até 25% no segundo semestre do ano que vem.
Esse acréscimo, acredita Nunes, virá, sobretudo, de dois segmentos: 1) o dos brasileiros que ganham até 2 salários mínimos; e 2) o dos cristãos evangélicos, único estrato em que o presidente aparece tecnicamente empatado com Lula.
Para alavancar sua popularidade no primeiro segmento, Bolsonaro terá o Auxílio Brasil. Para crescer no segundo, restará ao ex-capitão aumentar o volume do discurso ideológico e os ataques aos inimigos — de resto, as únicas bandeiras que lhe sobraram.
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