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Por que as mulheres detestam Bolsonaro
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"Aqui é proibido máscara", disse o presidente Jair Bolsonaro a visitantes do Palácio do Planalto ontem, quando participou de um evento ao lado de sanfoneiros.
Com a frase, Bolsonaro reafirmou que está disposto a fazer ouvidos moucos a uma das poucas recomendações globalmente consensuais entre especialistas para prevenção ao coronavírus.
Mas a "proibição" do presidente serviu para mostrar também que ele ainda não entendeu o que lhe dizem as pesquisas eleitorais — unânimes em apontar que a alta rejeição que o ex-capitão desperta no eleitorado feminino se deve, sobretudo, a dois fatores, sendo o primeiro a forma como ele lidou com a pandemia.
Mulheres tendem a se preocupar mais do que homens com a saúde — a dos outros e a própria (basta ver qual dos gêneros costuma manter seu checkup em dia).
Tendem, portanto, a rejeitar com mais veemência um governante que trata com escandaloso descaso uma pandemia que matou mais de 600 mil brasileiros.
A mais recente pesquisa nacional de intenção de votos, a da consultoria Quaest, reafirmou o fenômeno.
Entre os homens, o ex-capitão tem uma rejeição de 52% e uma aprovação de 21%. Entre as mulheres, a rejeição sobe para 59% e a aprovação cai para 16%.
A série histórica da pesquisa mostra que a aversão do eleitorado feminino ao presidente está em alta.
E a explicação de especialistas para isso é o fato de que à reprovação pela condução da pandemia soma-se agora um segundo fator: a responsabilização de Bolsonaro pela situação da economia.
Para quem frequenta feiras e supermercados, a inflação, por exemplo, está longe de ser uma abstração.
Na cabeça de consumidoras, cada quilo de carne comprada (ou que deixa de ser comprada) dispara um xingamento mental, frequentemente dedicado ao presidente da República.
As mulheres (as normais apenas, diria Nelson Rodrigues) detestam Bolsonaro —e os rumos da economia dirão o quanto essa rejeição ainda pode crescer.
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