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A chance de Lula ganhar no primeiro turno depende do eleitor de Ciro Gomes
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Tecnicamente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode ganhar a eleição no primeiro turno, diz a pesquisa Genial/Quaest divulgada hoje.
No entanto, para que essa possibilidade -técnica— tenha chances de virar uma possibilidade real, o petista tem de conseguir crescer para além da margem de erro de 2 pontos percentuais da pesquisa. No levantamento da Quaest, Lula tem 46% das intenções de votos contra 44% da soma de todos os outros candidatos, incluindo o presidente Jair Bolsonaro (PL).
O atual cenário, porém, não favorece o crescimento de Lula.
O ex-presidente ainda está por sofrer os desgastes de uma campanha que promete ser agressiva.
Sua declaração pró-ampliação da legalização do aborto, exemplifica Felipe Nunes, diretor da Quaest Consultoria, ainda terá efeitos negativos importantes sobre o eleitorado evangélico a partir do momento em que for explorada por seus rivais nas rádios e TVs.
Bolsonaro, na outra ponta, tem visto sua taxa de rejeição cair pesquisa a pesquisa, da mesma forma que melhora a avaliação do seu governo —dois indicativos de tendência de crescimento nos próximos levantamentos.
Partindo desse cenário, portanto —Lula com vetor de baixa e Bolsonaro com vetor de alta—, para que o petista ganhe no primeiro turno, ele terá de achar um nicho de onde tirar os votos capazes de impulsioná-lo para além da margem de erro em que se encontra hoje.
"Se há algum nicho possível hoje, é o dos eleitores de Ciro Gomes [PDT]", diz Felipe Nunes.
Para o pesquisador, essa eventual migração de votos de Ciro para Lula pode acontecer "tanto por pressão para que o pedetista desista da candidatura quanto pela consolidação da ideia do voto útil antes do primeiro turno", diz Nunes.
Explica-se: Ciro Gomes, hoje o terceiro colocado nas pesquisas, aparece no levantamento da Quaest com um patrimônio de 7% a 9% dos votos.
Desse total de eleitores de Ciro, a maior parte tenderia a escolher Lula, e não Bolsonaro, na hipótese de desistir de votar no pedetista. Dados da Quaest, coincidentes com os de outros institutos, mostram que a taxa de rejeição de Bolsonaro entre os eleitores de Ciro é muito maior (80%) do que a parte dos que rejeitam Lula (56%).
O que aponta para o seguinte e paradoxal fato de que uma eventual migração de votos Ciro-Lula dependerá, também e em grande medida, da performance de Bolsonaro nas próximas pesquisas.
Quanto mais o ex-capitão subir nos levantamentos, mais poderá pressionar os eleitores de Ciro da ala antibolsonarista a se aglutinar em torno do petista. Ou seja, se Lula está em situação difícil, Bolsonaro está entre a cruz e a caldeirinha: se empaca nas pesquisas, não tem chances de ganhar; se cresce, pode acabar ajudando o rival a levar no primeiro turno.
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