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"Sou feliz como sou, mas, se pudesse optar, queria ser mulher biológica"
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Esta é parte da versão online da edição desta segunda-feira (23) da newsletter da Thaís Oyama. Na newsletter completa, apenas para assinantes, a colunista traz a segunda parte do depoimento da pedagoga, pesquisadora da ONU e mulher trans Ariadne Ribeiro, conta como foi a fase da pós-cirurgia de readequação sexual e diz que, por algum tempo, teve a "esperança ilusória" de que o procedimento iria transformá-la. Para receber o boletim e ter acesso ao conteúdo completo, clique aqui.
"Uma mulher trans pode ver nela um pomo de Adão. Isso ocupa a mente dela"
Eu acho que a minha cirurgia só foi possível depois que eu cheguei à conclusão de que, independentemente de quão boa ficasse a operação, de quão boa fosse a minha transição, eu sempre seria uma mulher trans.
Acho que eu tinha uma esperança muito imaginária e ilusória de uma transformação total. Não foi fácil aceitar as limitações da minha condição — aceitar que eu nunca seria uma mulher biológica.
Uma mulher trans que já fez algumas cirurgias pode ainda ver nela, por exemplo, um pomo de Adão. Esse desconforto ocupa a mente dela não importa o que os outros vejam. Isso é inevitável numa mulher trans. Eu senti muito esse desconforto. Às vezes ainda sinto.
O que mais me constrange é quando alguém, de forma muito discreta, percebe alguma diferença em mim e faz uma expressão assustada. Em qualquer ambiente, isso me deixava muito tensa. Não é um olhar de desrespeito, é mais um olhar de surpresa e, às vezes, de decepção. É como se a pessoa achasse que estava te dando mais importância do que você merecia. Vivi isso muitas vezes.
Hoje sou feliz como sou. Mas se eu pudesse escolher uma forma de vir ao mundo, eu queria vir como mulher biológica".
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