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Thaís Oyama

REPORTAGEM

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Eleitor "soft" de Ciro Gomes vai definir se haverá segundo turno

Ciro Gomes: para eleitores, o presidenciável se assemelha a Bolsonaro no temperamento - Reprodução/Youtube Flow
Ciro Gomes: para eleitores, o presidenciável se assemelha a Bolsonaro no temperamento Imagem: Reprodução/Youtube Flow

Colunista do UOL

05/07/2022 04h00

Esta é parte da versão online da edição desta segunda-feira (4) da newsletter da Thaís Oyama — um radar das pesquisas: o que está por trás dos números que apontam os rumos dessas eleições. Na newsletter completa, apenas para assinantes, a colunista diz por que o comportamento do eleitor não convicto de Ciro Gomes é determinante para saber se haverá ou não segundo turno nas eleições. O texto traz ainda a coluna "Em off", com declarações de um político do centrão sobre o pós-eleição com uma eventual vitória de Lula. Inscreva-se para receber a newsletter e conheça outros nove boletins exclusivos do UOL.

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Eleitor "soft" de Ciro Gomes vai definir se haverá segundo turno

É consenso entre pesquisadores que o comportamento do eleitor de Ciro Gomes (PDT) é hoje determinante para a resposta à pergunta se haverá ou não segundo turno na eleição presidencial deste ano.

Atualmente, cerca de 8% dos brasileiros dizem votar no ex-governador do Ceará, terceiro colocado nas pesquisas eleitorais. Uma eventual migração desses eleitores para o ex-presidente Lula pode fazer a vitória do petista no dia 2 de outubro. O contrário disso, a permanência desse contingente com Ciro, pode prorrogar a eleição para um segundo turno entre os primeiros colocados nas pesquisas, o petista e o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ocorre que, no universo dos eleitores de Ciro Gomes, apenas um grupo tem o condão de fazer a balança pender para um ou para o outro — o do cirista "soft".

"É o eleitor fortemente antipetista e antibolsonarista, que ao contrário do apoiador engajado de Ciro, declara voto nele menos por convicção do que por exclusão", afirma Maurício Moura, CEO do instituto Ideia, economista e professor da George Washington University, nos Estados Unidos.

O "cirista soft" compõe perto da metade do total de eleitores de Ciro e é, segundo o pesquisador, aquele que pode, no futuro, desistir de votar no pedetista para evitar a vitória de um candidato que lhe desagrada.

Nesse sentido, Lula — e não Bolsonaro — tende a herdar a maior parte do votos dos desistentes, já que, entre os ciristas, a taxa de rejeição ao petista (56%) é bem menor do que a do ex-capitão (80%).

O que pensa hoje o cirista soft

Na semana passada, em apresentação destinada a um grupo restrito de integrantes do mercado financeiro, o instituto Ideia exibiu os resultados de um estudo com eleitores "soft" de Ciro Gomes.

O objetivo era avaliar quão resilientes eram os votos desses eleitores. Ou, em outras palavras, qual a possibilidade de eles abandonarem o pedetista e recorrer ao "voto útil" em Lula para enfraquecer Bolsonaro — aumentando, dessa forma, as chances de vitória do ex-presidente no primeiro turno.

Para o grupo de eleitores estudado — homens e mulheres vindos de diferentes regiões do Brasil —, Ciro Gomes aparece como alguém que quebra a polarização entre Lula e Bolsonaro, possui experiência de governo e não tem seu nome ligado a casos de corrupção.

Alguns integrantes do grupo compararam positivamente o temperamento do candidato do PDT com o de Bolsonaro. O fato de Ciro, como o ex-capitão, ser "intempestivo" e ter "personalidade forte" sinalizaria que ele não seria um "pau mandado" de outros políticos. Lula, por sua vez, seria parecido com Ciro na preocupação que teria para com os brasileiros mais pobres, segundo disseram alguns entrevistados.

Em relação ao voto útil, porém, a resposta do grupo cirista foi bem mais homogênea.

Diante da pergunta se mudariam seu voto para evitar que Lula ou Bolsonaro pudessem ganhar, quase todos os entrevistados responderam que não: manteriam a escolha por Ciro. Não houve qualquer menção espontânea à ideia do "voto útil".

Ou seja, quem está hoje com Ciro pretende permanecer com ele, não importa se isso poderá ajudar a eleger o petista ou o atual presidente.

Para o coordenador do estudo, Maurício Moura, no entanto, a conclusão dessa rodada tem de ser analisada com cautela.

"Eleições passadas já mostraram que a decisão do voto útil costuma ser tomada apenas na última hora", afirma o pesquisador.

"Mas como esta eleição vem antecipando etapas, pode ser que alguma mudança ocorra ainda antes de setembro. Será preciso acompanhar os ciristas por mais tempo para saber se eles de fato permanecerão com seu candidato ou migrarão para o voto útil".

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