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Thaís Oyama

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Lula e Bolsonaro dão "largada emocional" na campanha do "bem contra o mal"

Os candidatos à Presidência Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva: simetrias  - EPA
Os candidatos à Presidência Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva: simetrias Imagem: EPA

Colunista do UOL

15/08/2022 10h42

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Amanhã será dada a largada para o começo oficial da campanha presidencial.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escolheu a porta de uma fábrica de motores na zona sul de São Paulo para o seu pontapé inicial.

Como até as pedras sabem, foi na porta de uma fábrica do ABC paulista que o ex-operário Lula virou líder sindical e iniciou uma mítica carreira política que emula o conceito narrativo da "jornada do herói" inclusive na parte das provações.

Lula, portanto, estreia sua campanha num lugar em que, simbolicamente, nasceu.

Já o presidente Jair Bolsonaro (PL) escolheu Juiz de Fora para apresentar oficialmente a sua candidatura.

Não há brasileiro ignorante do fato de que a cidade mineira foi o cenário do atentado à faca que, às vésperas da campanha presidencial de 2018, quase matou o ex-capitão.

Bolsonaro, portanto, dá início à sua campanha no lugar em que, simbolicamente, "renasceu".

Essa simetria, que os mais apressados dirão se tratar de uma "falsa equivalência", se repete na essência do discurso dos dois candidatos.

Bolsonaro repisa em suas falas — agora ecoadas pela mulher, Michelle Bolsonaro— a ideia que a disputa pelo Planalto não é uma eleição, mas uma guerra do Bem (ele) contra o Mal (Lula).

Trata-se de um juízo não muito diferente do que vem sendo disseminado por petistas para os quais a ideia de votar em qualquer candidato que não seja Lula (o Bem) significa disposição de acumpliciar-se com o "fascismo" — ou o Mal (Bolsonaro).

Na eleição mais emocional de todos os tempos, o problema é que, no dia seguinte ao seu resultado, o Palácio do Planalto não terá como inquilino nem Deus nem o Diabo, mas um homem de carne e osso com a dura missão de governar um país dividido entre eufóricos e inconformados.