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Thaís Oyama

REPORTAGEM

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Para núcleo político do governo, caso das inserções foi "operação Tabajara"

Fabio Wajngarten e Fabio Faria fazem declaração no Palácio da Alvorada - Reprodução
Fabio Wajngarten e Fabio Faria fazem declaração no Palácio da Alvorada Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

27/10/2022 12h09

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Integrantes do núcleo político de Jair Bolsonaro apelidaram de "Operação Tabajara" a tentativa do ministro Fábio Faria e do chefe da campanha do presidente, Fabio Wajngarten, de denunciar um suposto boicote na veiculação de inserções em rádio do candidato à reeleição.

A manobra, vista como uma tentativa de jogar uma cortina de fumaça sobre o episódio Roberto Jefferson, foi classificada por esses aliados como uma iniciativa "amadora" e "improvisada", tomada por assessores que "acharam que iriam salvar o Bolsonaro sozinhos".

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, por exemplo, nem sequer foi avisado de que Faria e Wajngarten fariam a "denúncia" anteontem em entrevista coletiva convocada às pressas no Palácio da Alvorada.

Ontem, falando ao site Poder360, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, foi cauteloso. Disse que o episódio das inserções "é gravíssimo" e "tem de ser esclarecido", mas que o TSE "tem a confiança de todo o Brasil" e descartou um pedido de adiamento da eleição. Perguntado se a divulgação do episódio causou divergências na campanha, o ministro negou.

Internamente, no entanto, estrategistas de Bolsonaro na eleição têm apontado as disputas entre os grupos como uma das principais fragilidades da campanha do presidente.

Para um desses colaboradores, os ataques ao TSE não apenas não trarão novos eleitores para o ex-capitão como tendem a espantar indecisos refratários a tudo que cheire a confusão.

Outros episódios trouxeram desânimo ao comando da campanha bolsonarista nesta semana.

Monitoramentos internos apontaram uma queda do presidente em Minas, o estratégico colégio eleitoral que vinha sendo a principal aposta da campanha, animada pelo empenho do governador eleito, Romeu Zema, e seus alegados 600 prefeitos.

Teria vindo, no entanto, justamente de Zema o motivo da queda de Bolsonaro no estado. O governador, na avaliação de integrantes da campanha, errou ao não condenar os insultos desferidos na semana passada pelo ex-deputado Roberto Jefferson contra Cármen Lúcia, ministra do STF e mineira.

Pesquisas qualitativas conduzidas no QG bolsonarista indicaram que o silêncio de Zema diante das ofensas à magistrada pode ter respingado em Bolsonaro.

Já a possibilidade de o PT usar o conteúdo do telefone celular de Gustavo Bebianno para atacar Bolsonaro não está tirando o sono de integrantes da campanha. Anteontem, o ex-candidato à Presidência André Janones, agora apoiador de Lula, anunciou em suas redes sociais estar de posse do telefone que o ex-aliado de Bolsonaro, morto em março de 2020, declarou ter enviado ao exterior quando se sentiu ameaçado por bolsonaristas.

Segundo assegurou à campanha um político do centrão, o celular não contém "mais do que fofocas", algumas de cunho sexual.