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Thaís Oyama

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Tarcísio, na fogueira dos traidores, não é mais de Bolsonaro, mas de Kassab

Tarcídio, que nunca foi "bolsonarista raiz", é fotografado aos risos com Alexandre de Moraes - WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
Tarcídio, que nunca foi 'bolsonarista raiz', é fotografado aos risos com Alexandre de Moraes Imagem: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

07/12/2022 11h57

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A foto do governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos) sorrindo ao lado do arqui-inimigo de Jair Bolsonaro, o ministro do STF Alexandre de Moraes, exasperou apoiadores do presidente e jogou na fogueira dos traidores o ex-ministro que já estava chamuscado na turma desde que declarou nunca ter sido um "bolsonarista raiz".

Tarcísio de Freitas foi, segundo Bolsonaro, o seu "ministro mais importante". Em discursos que hoje ficaram no passado, o presidente exaltou "o patriotismo desse capitão", "a competência desse engenheiro" e chegou mesmo a dar graças pelo fato de Tarcísio ter nascido. "Nós, e eu em particular, agradeço, e muito, por ele existir, e por estar ao nosso lado em qualquer lugar do Brasil."

Tarcísio de Freitas, porém, não está mais ao lado de Bolsonaro, mas de Gilberto Kassab. O cacique do PSD, que se aliou ao Republicanos nas eleições de São Paulo, investiu todas as fichas no ex-ministro bolsonarista, de quem agora será secretário e homem-forte no governo estadual.

A curto prazo, Kassab pretende levar Tarcísio para o seu partido; no médio prazo, trabalhar seu nome entre os prefeitos do estado; no longo prazo, lançá-lo como nome do PSD à Presidência da República, no que seria a realização do sonho, neste ano adiado, de ter um candidato próprio na disputa federal.

Kassab quer que sua sigla tome o lugar que já foi do PSDB, tanto no estado de São Paulo, governado por tucanos por 28 anos ininterruptos, quanto no plano nacional, em que o PSDB polarizou com o PT de 1994 até 2018.

A interlocutores, o cacique do PSD diz considerar que "Lula fará um governo de centro-esquerda e Tarcísio, um governo de centro-direita". Nesse caso, afirma, ele "prefere" ajudar Tarcísio (postura que, na sua visão, não conflitaria com as negociações que o PSD vem mantendo com o governo Lula, segundo afirmou à revista VEJA).

Com as raposas se movimentando, Bolsonaro mergulhado em sua depressão sem fim e os aliados tocando a vida, o futuro do bolsonarismo, em breve, pode escapar das mãos do ex-capitão.