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Simone Tebet virou um problema de imagem para Lula
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"Quero agradecer a nossa companheira Simone Tebet, que teve papel importante na minha campanha."
A senadora do MDB e ex-candidata à Presidência da República foi agraciada com uma menção nominal no discurso que Lula fez ontem na cerimônia que oficializou o fim da transição.
Foi uma tentativa do presidente eleito de melhorar o clima com a parlamentar.
Tebet não havia comparecido à diplomação do petista na segunda-feira, contrariada com a resistência do PT ao seu desejo de ocupar o Ministério do Desenvolvimento Social no novo governo.
A sigla de Lula não quer a emedebista na pasta que abriga o Bolsa Família, a mais reluzente vitrine para potenciais candidatos à presidência em 2026.
Mas Lula deve a Tebet muitos votos.
A senadora, assim que se viu fora do segundo turno, manifestou por decisão própria seu apoio ao ex-adversário — subiu no palanque petista e emprestou à campanha a roupa branca e o perfume da terceira via.
Agora, Tebet quer como retribuição um ministério na área social, e o seu partido, o MDB, diz não ter nada a ver com isso. A senadora ajudou o petista a eleger-se. Já a sigla pretende ajudá-lo a governar, e para isso — com ou sem Tebet nomeada— quer dois ministérios, um para cada Casa do Congresso.
A nomeação de ministros tem como métrica o número de votos que eles trarão para o novo governo.
Dado que Tebet não arrasta nenhum voto para Lula que não o seu próprio, atender o desejo da senadora mais os pedidos da sua sigla significará inflar a já gorda lista de ministérios, que a essa altura já somam perto de 30, e vêm sendo disputados por caciques e seus indicados como Davi Alcolumbre, Antonio Rueda e Elmar Nascimento (União Brasil), além de Renan Calheiros (MDB) e Gilberto Kassab (PSD).
Lula pode resolver a questão oferecendo à senadora um prêmio de consolação que, sabe, ela não aceitará. Dessa forma, Tebet estaria fora do governo, o PT ficaria satisfeito e o MDB teria o caminho livre para escolher seus dois ministérios.
Mas uma eventual decisão de Lula de escantear a "senadora da terceira via" terá um preço, e ele será de imagem.
Implicará a ideia de que o discurso de construção de um governo de frente ampla não passa de fachada retórica para manter o modelo de sempre — o PT com os melhores nacos, alimentando em troca de votos raposas vorazes, do mesmo gênero e da velha estirpe.
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