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Ao ir à festa de Lula, Moraes se oferece como vidraça do bolsonarismo
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O presidente do TSE e ministro do STF, Alexandre de Moraes, não viu nada demais em deixar o auditório do tribunal em que diplomou Luiz Inácio Lula da Silva presidente do Brasil e seguir para um convescote oferecido ao petista por seus amigos.
A festa — à qual compareceram também os ministros do STF Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes— teve samba e uísque e foi oferecida pelo advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay. "Foi uma festa entre amigos", afirmou o advogado ao jornal O Globo.
Ao que consta, o presidente do TSE não se encaixa na categoria de amigos do presidente eleito. E ainda que fosse, poderia ter pensado duas vezes antes de aderir ao convescote.
Minutos antes, em seu longo discurso na cerimônia de diplomação de Lula, Moraes havia lembrado o tortuoso caminho percorrido pelos protagonistas do evento para chegarem até lá.
Sem mencionar o presidente Jair Bolsonaro e aliados, o magistrado lembrou os ataques perpetrados contra a democracia ao longo da campanha eleitoral, criticou a ação dos grupos extremistas na disseminação de fake news e exaltou a ação do TSE na defesa das instituições, imprensa incluída.
Ao final, deixou claro que o fim da eleição não encerrava o seu trabalho. "Esses extremistas, autoritários, criminosos não conhecem o Poder Judiciário brasileiro". E garantiu que os "grupos organizados" —já identificados, conforme destacou— "serão integralmente responsabilizados".
Foi um discurso político com destinatário claro: o bolsonarismo de linha golpista, que Moraes, como ministro do Supremo, combateu, por vezes, com flagrantes excessos.
Cada um desses excessos — sendo a cassação do direito de onze parlamentares de se manifestarem nas redes sociais o mais recentes deles — foi prontamente usado pelos golpistas em tentativas de atingir a imagem do Judiciário. Ao aderir ao convescote de seu diplomado, Moraes ofereceu-se outra vez como vidraça, a si e ao poder que representa.
O termo "liturgia do cargo" foi criado para refletir o comportamento que se espera de ocupantes de postos de alta responsabilidade na função pública —e para que os próprios, por gestos e atitudes, demonstrem ter consciência dessa responsabilidade.
Alexandre de Moraes, bem como seus colegas de toga que acharam por bem "confraternizar" com o presidente eleito, podem achar bobagem esse tipo de recato — mas poderiam ao menos ter dispensado o samba.
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