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Thaís Oyama

REPORTAGEM

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Para não prestar continência a Lula, comandante da Marinha não irá a evento

Almirante Almir Garnier Santos - Valter Campanato/Agência Brasil
Almirante Almir Garnier Santos Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil

Colunista do UOL

30/12/2022 15h08

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Para evitar prestar continência a Lula, o comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, protagonizará uma quebra inédita de protocolo nas Forças Armadas.

Garnier não comparecerá à solenidade da Marinha marcada para o dia de 5 de janeiro, quando seu sucessor, Marcos Sampaio Olsen, será empossado. Com a ausência de Garnier, a tradicional cerimônia de passagem de cargo não ocorrerá. É a primeira vez que isso acontece na história da Força.

Conforme portaria publicada hoje no Diário Oficial da União e assinada pelo presidente Jair Bolsonaro, Garnier estará oficialmente exonerado do cargo a partir de amanhã, 31 de dezembro.

Olsen, o novo comandante indicado por Lula, assumirá o posto na mesma data, mas em caráter interino.

Assim, na solenidade do dia 5 de janeiro, o indicado de Lula apenas passará de interino a efetivo, sem o ato de transmissão de cargo nem a presença do seu antecessor no evento.

A cerimônia em que um comandante transfere o cargo para o seguinte é tida como um dos momentos mais importantes da trajetória dos militares que atingem posições de comando.

Ao abrir mão dela, o comandante da Marinha intenciona fazer um "forte gesto" de desagrado para com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, sob o comando de quem não deseja ficar nem por poucos dias.

O comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, estará exonerado a partir do dia 2 de janeiro, data marcada para que seu sucessor, Marcelo Kanitz Damasceno, assuma o posto em caráter efetivo. A cerimônia será presidida pelo novo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. O presidente eleito Lula, a essa altura já empossado, será convidado.

No Exército, o comandante indicado por Lula, Júlio César de Arruda assumiu o lugar de Marco Antônio Freire Gomes em solenidade realizada hoje de manhã.

A antecipação da transmissão de cargo do comandante do Exército, e sua realização ainda sob o governo Bolsonaro, foi resultado de um entendimento entre a Força e o novo titular da Defesa.

Da mesma forma que seus colegas da Marinha e Aeronáutica, Freire Gomes havia manifestado contrariedade em participar de uma solenidade em que o presidente eleito, caso estivesse presente, receberia honras de chefe de estado.

Da parte do novo governo, a oficialização antecipada do general Arruda como comandante do Exército também foi conveniente.

A medida garante que, na eventualidade de haver qualquer anormalidade nas horas que antecedem a tensa posse do presidente eleito, o Exército já estará sob o comando de um militar nomeado por Lula.