Nunes adota dois pesos e duas medidas ao falar sobre infiltração do PCC
O prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), adota dois pesos e duas medidas quando provocado a comentar os efeitos da infiltração do PCC em estruturas do Estado.
Durante entrevista na noite de ontem ao Roda Viva, da TV Cultura, rememorou evidências que apontam para o envolvimento do entorno do adversário Pablo Marçal (PRTB) com a maior organização criminosa em atividade no país.
Contra o empresário, adotou rito sumário: "Está envolvido até o nariz com o PCC", disse.
"Não vou deixar essa turma dessa gangue do PCC assumir a Prefeitura de São Paulo", continuou.
O prefeito abandonou o tom de indignação quando questionado sobre os pagamentos da empresa de ônibus Transwolff à construtora do aliado de toda vida e presidente da Câmara dos Vereadores, Milton Leite (União Brasil), revelados pelo UOL.
A Transwolff é contratada da prefeitura e acusada pelo Ministério Público de lavar dinheiro do tráfico de drogas para a facção.
"Ele colocou as contas dele à disposição, é um político que está há mais de 20 anos como vereador, tem uma história na política, uma grande liderança aqui dessa cidade, o que é inegável", elogiou o prefeito.
A Leite, que teve sigilos fiscal e bancário quebrados pela Justiça, Nunes ofereceu o benefício da dúvida:
"Está sendo investigado. Se houver alguma comprovação, que ele pague. Se não houver, que a gente possa fazer a colocação de que houve a investigação e não foi provado", completou.
A reserva em bater em Leite tem razão de ser.
Mesmo decidindo não mais se candidatar a cargos eletivos em 2024, o presidente da Câmara ainda é a mais influente liderança política da zona Sul de São Paulo.
É também o aliado que melhor conhece o que de fato se passa nos corredores da administração Nunes, e não aparece na TV.
Marçal mira o mesmo voto da zona Sul ao prometer construir lá seu distópico empreendimento imobiliário, o maior prédio do mundo, de inalcançáveis mil metros de altura.
Em eleição com empate triplo, perder o apoio de Milton Leite coloca em risco o lugar de Nunes no segundo turno.
Opinião
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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.
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