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Wálter Maierovitch

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Conferência de Munique termina sem resultado pelo fim da guerra na Ucrânia

Cúpula de uma igreja ortodoxa atrás de um prédio destruído durante o conflito Rússia-Ucrânia em Mariupol, em 24 de dezembro de 2022 - ALEXANDER ERMOCHENKO/REUTERS
Cúpula de uma igreja ortodoxa atrás de um prédio destruído durante o conflito Rússia-Ucrânia em Mariupol, em 24 de dezembro de 2022 Imagem: ALEXANDER ERMOCHENKO/REUTERS

Colunista do UOL

19/02/2023 23h07

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Depois de três dias de debates, terminou neste domingo em Munique (Alemanha) a Conferência sobre Segurança global e o tema principal debatido foi a guerra da Ucrânia.

Não teve o mesmo fim trágico da Conferência de Segurança de setembro de 1938, quando Hitler abocanhou territórios dos tchecoslovacos. Pior: a decisão prevalente foi a do grupo formado por Reino Unido, França, Itália e Alemanha.

À época, decidiu-se, com base em equivocada interpretação do direito internacional, que a conquista era legítima em face do princípio da "livre soberania dos povos". Falou-se que, na região invadida pela Alemanha, prevalecia a população alemã.

Na 59ª Conferência de Segurança planetária deste ano de 2023, não se chegou nem perto da paz entre Moscou e Kiev.

Como registrado ontem nesta coluna do UOL, a vice-presidente americana imputou à Rússia de Putin crimes contra a humanidade, na guerra de conquista em desenvolvimento na Ucrânia.

Hoje, o convidado a representar a China, Wang Yi, chefe da diplomacia do Partido Comunista Chinês, deixou, na sua manifestação, uma esperança para se alcançar a paz. É que nos próximos dias (fala-se em até uma semana) a China apresentará, pela via diplomática, uma proposta para terminar com a guerra na Ucrânia. Guerra que neste mês de fevereiro completará um ano.

Para Wang Yi, a "guerra precisa terminar". E o chefe da diplomacia chinesa, braço direito do presidente Xi Jinping, parou nessa afirmação. Não deu indicativo sobre como será a proposta chinesa.

Outro pronunciamento a chamar a atenção foi de Annalena Baerbock, ministra das relações exteriores da Alemanha.

Para a ministra tedesca, " a Rússia deve parar de combater. Só assim a guerra vai acabar. Se a China (referência a proposta anunciada) entender ser caso de Kiev parar de se defender, não iremos aceitar a colocação".

Fosse vivo, o grande Nelson Rodrigues voltaria, diante da fala de Baerbock, a mencionar o "óbvio ululante".

Dos 41 chefes de Estados e governo (a primeira ministra italiana recuperou a saúde plena e chegou à Conferência no sábado) , muitos ainda colocam as suas esperanças no caminho de solução pela diplomacia.

O certo e animador foi, diferentemente do acontecido em setembro de 1938, não se ter desamparado a Ucrânia: EUA e União Europeia mantiveram-se firmes. Para os tchecos, em 1938, houve o " diktat de Munique ", ou seja, uma traição europeia, o premier britânico Chamberlain à frente.

A semana começa intensa, com Putin a concluir preparativos para a chamada grande festa patriótica. Internamente, Putin precisa se fortalecer. Externamente, é um dependente político da China.