Maierovitch: PGR dá espaço ao diversionismo bolsonarista ao adiar denúncia
Se adiar a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 36 pessoas indiciadas por tentativa de golpe de Estado para 2025, a PGR (Procuradoria-Geral da República) vai dar mais espaço ao diversionismo bolsonarista, opinou o colunista Wálter Maierovitch no UOL News desta quarta-feira (27).
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes enviou nesta terça-feira (26) à PGR o relatório do indiciamento de Jair Bolsonaro e das outras 36 pessoas por tentativa de golpe de Estado.
Cabe agora a Procuradoria-Geral analisar o caso e decidir se apresenta denúncia contra os envolvidos. A PGR tem prazo inicial de 15 dias para se manifestar, mas pode pedir mais tempo ou solicitar mais diligências caso entenda ser necessário. A expectativa é a denúncia seja apresentada somente em 2025.
O procurador-geral da República [Paulo Gonet] é quem tem a opinião. Ele é o titular da ação penal. Nenhum outro poderá oferecer a denúncia. Porque é uma ação penal pública, crimes graves, crimes de ação pública incondicionada, e cabe ao procurador-geral da República a titularidade. Ele vai representar o Estado propondo ou não uma denúncia, ou pedindo novas diligências. O que ele está fazendo na prática? O que está fazendo o [procurador-geral] Gonet? Ele já anunciou que vai denunciar só no ano que vem.
Ele está abrindo um espaço, para quê? Para isso que a gente está vendo agora, para o diversionismo bolsonarista entrar em campo. Então, o procurador-geral da República tem que ver também de conveniência, de oportunidade, e não poderia deixar para o ano que vem, deveria reunir a sua equipe.
E ele vem acompanhando esse inquérito há anos, não se trata de anunciar algo que ele não sabe, que ele não tem conhecimento. Sabe, e detalhadamente. Porque teve intervenções, acompanhou. Então, não é nenhuma novidade, algo novo que levaria aqui a necessidade de tempo, não. Me parece que erra o procurador ao já não dar um posicionamento, por já não fixar se vai ou não denunciar.
Bom, na hipótese de denunciar, e aí vale o princípio, na dúvida se denuncia, na dúvida se atua em favor da sociedade. Então, ele vai denunciar, sim, não tem outro caminho a não ser o de denunciar.
Wálter Maierovitch, colunista do UOL
Josias: PF mostra que Bolsonaro governou em estado permanente de golpismo
O relatório final da Polícia Federal que indiciou Jair Bolsonaro revela que o golpismo permeou todo o período de governo do ex-presidente, afirmou o colunista Josias de Souza no UOL News desta quarta (27).
O relatório da PF deixa muito nítido e com evidências fartas que Bolsonaro presidiu um governo em estado permanente de golpismo. Desde que tomou posse, ele já vinha contestando o resultado das urnas, até mesmo as que lhe deram a vitória em 2018.
Ele fez dessa contestação do sistema eleitoral uma prática cotidiana. Isso foi levado às redes sociais por uma milícia digital. As afrontas do presidente às instituições se mantiveram ao longo de todo o governo do Bolsonaro, com ameaças dele ao Judiciário e questionamentos muito vigorosos a decisões judiciais.
Desde 2021 ele já estava antevendo a fabricação de um apocalipse que poderia levar a uma ruptura institucional. Ao mesmo tempo, ele desafiava a democracia e se preparava para a fuga. Isso foi evoluindo até chegar a 2022, quando foi efetivamente derrotado. Aí, o plano de golpe, que era por assim dizer envergonhado, tornou-se escancarado.
Josias de Souza, colunista do UOL
Assista ao comentário:
Tales: Bolsonaro pensava em dar golpe desde início e tinha planos A, B e C
Jair Bolsonaro não só tinha em mente aplicar um golpe de Estado desde quando assumiu a Presidência da República como preparou planos A, B e C para afrontar a democracia, disse o colunista Tales Faria no UOL News desta quarta (27).
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Quero receberÉ muito importante essa linha do tempo mostrar que, desde o primeiro momento, Bolsonaro vem estimulando isso. O bordão que ele preparou para esse golpe era o das urnas fraudadas. Isso justificaria atacar o Supremo e depois dar o golpe. Fica evidente nesse relatório da PF que havia um plano A, um B e um C.
O plano A era tentar ganhar as eleições com discurso de ódio, fake news, gabinete do ódio e botar o povo na rua. Não ganharam e foram para o plano B, que era a tentativa de golpe detalhada pela PF. Não deu certo e foram para o plano C, com a viagem de Bolsonaro [aos EUA], o povo na rua para o golpe e a volta dele nos braços do povo. Também não deu certo.
A PF trouxe essa linha do tempo, que concatena tudo. O papel do general Braga Netto é terrível. Ele fica muito mal.
Tales Faria, colunista do UOL
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