Wálter Maierovitch

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Opinião

Trump usa Netanyahu e Zelensky para destruir eleitoralmente Biden

Na sua corrida ao segundo mandato, Joe Biden identificou as cascas de banana postas na pista eleitoral neste momento. As cascas poderão fazer Biden escorregar feio e perder votos para o republicano Donald Trump.

Por exemplo, um banho de sangue de palestinos inocentes na cidade de Rafah poderá contribuir para uma possível derrota de Biden.

Pelas pesquisas, os jovens americanos rejeitam Biden pelo seu apoio dado a Israel, com matança de civis em Gaza. Muitos criticam por estar Biden a transigir com os direitos humanos e não dá para lhes tirar a razão.

Biden energizado

Do rótulo de velho alquebrado e sem condições para prosseguir na Casa Branca, Biden reagiu bem no primeiro e adequado momento.

Por ocasião do seu discurso no Congresso, na tradicional cerimônia chamada "Estado da União", Biden esbanjou garra e vigor físico-mental.

Para as más-línguas, o presidente americano dobrou a dosagem de um nutriente poderoso na produção de energia, que é usado por idosos americanos habituês de drogarias em incessantes buscas por elixir proveniente da fonte de juventude.

Manipulação

Seu segundo bom momento foi não mais se deixar ser manipulado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu na guerra entre Hamas e Israel.

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Com aparência de indignação e voz firme, Biden foi imperativo: "Netanyahu não realiza os interesses do seu país. Não invada Rafah".

A fala foi apropriada pois a invasão será trágica.

Nenhum civil palestino que migrou do norte de Gaza por confiar nos volantes conclamatórios de Netanyahu está disposto a acreditar no aviso de agora. Sabem bem que ficaram à mingua, sem casa, comida e remédios.

Sempre Netanyahu insistiu em manter fechada Rafah — porta de ingresso de ajuda humanitária — apesar da pressão internacional.

A pequena cidade na divisa com o Egito contava com 280 mil habitantes antes da guerra. Nela existem muitos acampamentos de foragidos de combates do Oriente Médio. Com a migração dos desassistidos palestinos, está com população de 1,5 milhão. Nela, falta tudo.

Netanyahu — que se opõe a Biden neste caso — sustenta ser a invasão necessária, e dela não desistirá. Avisa que a invasão será iminente e nem o período do ramadã que começou no domingo (10), será considerado.

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Fontes egípcias falam de um encontro entre o diretor da CIA, William Burns, e o do Mossad, David Bernea, para acertar um cessar-fogo, de três a quartro dias em respeito ao ramadã — e a não invasão de Rafah.

Segundo Natanyahu a invasão é necessária porque a cidade de Rafah seria o último bastião do Hamas. Para os 007 da inteligência israelense, dos 24 batalhões do Hamas já foram destruídos 20. E os quatro últimos estariam em Rafah.

A verdade é que poucos acreditam nas afirmações de Netanyahu. Internacionalmente, ele está desacreditado.

A lembrar sua falsa informação de Yahya Sinwar estar cercado, em túnel debaixo do principal hospital de Gaza. Convém ressaltar ser Yahya Sinwar o chefe militar do Hamas em Gaza e o planejador e executor do ataque terrorista de 7 de outubro em Israel.

Netanyahu e o jogo trumpista

Netanyahu é um sanguinário sem nenhum escrúpulo, já revelou isto de forma induvidosa. Demonstrou não dar a mínima à população civil da Faixa de Gaza e matou inocentes. Isso sem piedade e em desconformidade com as recomendações das convenções da ONU e do direito internacional, que é o direito das gentes.

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Ao desprezar a ponderação do presidente dos EUA, país aliado de Israel e fornecedor de armas e proteção, Netanyahu faz voluntariamente o jogo político do interesse de Trump.

Trump gaba-se de haver conseguido dois importantes acordos de Abraão, colocando alguns países árabes em harmonia com Israel.

A falta de pulso de Biden, no caso de ocorrer invasão de Rafah, e a concretização de uma tragédia mais do que anunciada, será explorada pesadamente por Trump.

Netanyahu e o factóide

Para provocar Biden, o premiê Netanyahu acabou de anunciar a eliminação, em Rafah, do quarto homem da cúpula de governo do Hamas. Não declarou o nome e, com isso, impossibilita verificações.

O anuncio de Netanyahu é usado para indicar o erro de Biden ao não concordar com a invasão de Rafah.

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Trump e o truísmo

Enquanto isso, Trump aproveita para dar solução para acabar rapidamente com a guerra na Ucrânia. Avisou, caso eleito, que não fornecerá um tostão furado para Kiev. E justificou com um truísmo dos mais cretinos: sem dinheiro para a Ucrânia, a guerra acaba.

Em outras palavras, a Ucrânia não terá como manter a guerra. Será levada a ceder e aceitar a um acordo de paz — ou seja, a derrota.

Como sabe até a Estátua da Liberdade, os republicanos no Congresso atrasam a liberação de ajuda financeira à Ucrânia. Trump, para muitos especialistas em geopolítica e no direito internacional, dará um péssimo sinal ao mundo. Ou seja, o sinal de que as guerras de conquistas, como a iniciada pela Rússia, valem a pena.

Zelensky sem pessoal e sem recurso

No momento, e conforme destacou no fim de semana a mídia europeia, o governo Zelensky não está conseguindo arregimentar cidadãos para lutar na guerra. Já se pensa em mercenários, a exemplo do feito por Putin, com a Wagner.

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A falta de pessoal é sentida. A lei marcial a proibir a saída da Ucrânia para homens menores de 60 anos de idade está a levar fugas internas: as pessoas se escondem para evitar a convocação militar.

O discurso eleitoreiro de Trump de colocar fim à guerra da Ucrânia tem ótima aceitação até entre os democratas.

Em resumo e como comentado acima, Biden tem de desviar de diversas cascas de bananas — a mais perigosa, pois tem o selo de aprovação de Trump, chama-se Benjamin Netanyahu.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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