Wálter Maierovitch

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Opinião

Antes da Revolução Islâmica, Israel e Irã tinham boa relação

O Irã cumpriu a promessa de responder militarmente a Israel. Foi uma ação vista por especialistas em geoestratégia militar como sendo de retaliação, com emprego de dezenas de drones carregados de carga explosiva e mísseis de alcance médio.

Isso, convém recordar, depois do ataque israelense, em 1º de abril passado, à embaixada iraniana em Damasco, com a morte de um general de prestígio da guarda revolucionária dos aiatolás, responsável pela segurança do ditador sírio alauita Bashar Al-Assad. E também incumbido por Teerã de realizar as ligações secretas com os chefes das milícias libanesas do Hezbollah.

O momento presente não pode ser desplugado dos 45 anos de conflito entre Irã e Israel.

Tudo começou em 1979 com a derrubada do xá Reza Pahlavi e ascensão ao poder, pela chamada Revolução Islâmica, do aiatolá Ruhollah Khomeini. A Pérsia transformou-se em Irã e restou transformada num estado teocrático de matriz xiita.

Khomeini começou a chamar Israel de "Pequeno Satã". Para ele, o "Grande Satã" eram os EUA.

Em tom mandamental, Khomeini pronunciou a frase, considerada pelos xiitas como sentença definitiva, de Israel ser "o tumor canceroso a ser removido do coração do mundo islâmico".

História

O xá Pahlavi, na célebre assembleia da ONU de 1947, votou contra a divisão da Palestina, com dois estados a se estabelecer para dois povos.

Disse, na ocasião, que não concordava com a repartição territorial por um único motivo: "haveria uma escalada de violência na região" e ela estava sob mandato britânico.

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No ano seguinte, no entanto, Pahlavi mudou de opinião e, logo depois da anuência da Turquia, subscreveu a Resolução divisória da ONU.

Ao tempo do xá da Pérsia, Reza Pahlavi, tudo correu bem no relacionamento com Israel.

Guerra dos Seis Dias

O relacionamento entre Pérsia e Israel se tornou intenso depois da guerra de duração de seis dias que envolveu Egito, Jordânia e Síria contra o estado hebreu-judeu.

O xá autorizou a venda de petróleo para Israel. Voos tornaram-se frequentes e uma embaixada de Israel instalou-se em solo persa.

No campo da inteligência, Mossad israelense e Savak persa passaram a colaborar a trocar informações.

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Com a revolução de 1979 tudo mudou. A embaixada antes de Israel virou escritório de representação da Organização da Libertação da Palestina (OLP), governada por Yasser Arafat.

Khomeini proibiu que se falasse o nome Israel. Então, começou a se referir a Israel como a "Palestina ocupada".

Reviravolta

Quando da guerra entre Irã e Iraque, que durou de 1980 a 1988, o governo de Israel, com aval dos EUA, passou secretamente a vender armas ao Irã.

Em 1981, um ataque aéreo de Israel e pró Irã destruiu a usina nuclear iraquiana de Osirak, menina dos olhos do ditador Saddam Hussein.

Entre Saddam e Khomeini, o governo de Israel entendeu ser o aiatolá o mal menor.

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Irã x Iraque: pós-guerra

O governo teocrático iraniano, finda a guerra com o Iraque, surpreendeu Israel. A hostilidade e política externa continuaram, vista a ajuda de Israel como puro oportunismo do "Pequeno Satã", para usar a expressão de Khomeini.

De quebra, o Irã começou, contra Israel, a dar sustentação ao libanês e xiita Hezbollah e, depois, ao sunita Hamas.

Em 2006, o então presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad iniciou o discurso de ódio, isto a negar tivesse havido o holocausto judeu, a denominada shoah. Nesse mesmo ano, o Irã apoiou o Líbano na guerra contra Israel.

Bombeiros

Os EUA e União Europeia saíram a campo para segurar o belicoso Netanyahu.

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Na verdade, querem que o "jogo" fique no empate, ou seja, Israel atacou a embaixada iraniana na Síria e houve o prometido revide.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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