Wálter Maierovitch

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Opinião

Israel prepara invasão por terra no Líbano, e Netanyahu não fala com Biden

No Oriente Médio, os bombardeios continuam, tanto por parte das forças israelenses como do Hezbollah. A reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, ocorrida hoje (25), recomenda uma trégua imediata.

Um potente míssil mirado no centro de Tel Aviv acabou de ser interceptado e são pesados os bombardeios ao norte de Israel. Por seu turno, Israel bombardeia o sul e a pare oriental de Beirute, onde estaria a fortaleza do Hezbollah.

Alguns sinais, indícios fortes, foram captados sobre a invasão. Até o Pentágono admite a invasão do Líbano por Israel, mas não a classifica como iminente.

Por isso, a diplomacia e os serviços secretos estão em campo, com plano de 4 semanas de interrupção de bombardeamentos.

Para se ter ideia, existem conversas abertas entre a direção do Mossad, serviços secreto de Israel, e Naim Qassem, político, religioso xiita, ideólogo e membro do órgão de vértice do Hezbollah chamado Conselho da Jihad.

Indícios da invasão

Como se sabe, em 2006 as tropas de Israel invadiram o sul do Líbano diante dos mísseis disparados pelo Hezbollah. Isso voltou a ocorrer em escalada, a partir de 8 de outubro de 2023.

O exército de Israel apenas deixou a região sul, invadida em 2006, quando os "capacetes azuis" da ONU -- por meio da criada Unifil (Força de Paz das Nações Unidas) -- passaram a controlar a área.

Agora, diante dos atuais e intensos bombardeios, todo o efetivo de paz da Unifil, hoje sob comando de oficial do exército italiano, recolheu-se ao seu quartel protetor.

Enquanto isso ocorria, o premiê Netanyahu deu entrevista para afirmar que os cerca de 80 mil israelenses, desalojados pelo medo das bombas, voltarão às suas casas na Galileia, norte do país, em segurança -- ou seja, sem risco de bombardeamento do Hezbollah.

Para garantir o retorno dos desalojados da Galileia, Netanyahu usou termos fortes: "Golpearemos Hezbollah com toda a nossa força".

Logo depois da fala de Netanyahu, a ABC, no programa The View, levou ao ar a fala do presidente Joe Biden. Numa indagação sobre a paz no Oriente Médio, Biden focou só em Gaza e respondeu, para surpresa geral, "estou em desacordo com as posições de Netanyahu. Faz bastante tempo que não temos contato".

A lembrar, desde 8 de outubro de 2023, um dia depois do ataque terrorista do Hamas em invasão ao território de Israel (1.400 judeus mortos e 240 sequestrados), o Hezbollah voltou a bombardear o norte de Israel, região da Galileia. Daí, o êxodo de cerca de 80 mil moradores israelenses.

Outro indício forte: os membros do pequeno efetivo americano no Chipre estão de malas prontas para se deslocar ao Líbano a fim de auxiliar na retirada de cidadãos norte-americanos do país.

Segundo a agência Reuters, o premiê Bibi Netanyahu deu sinal verde aos EUA para tratar de uma trégua no Líbano. O problema decorre do fato de o governo norte-americano não participar de conversas com o Hezbollah, considerado uma organização terrorista.

Para complicar, o xeque Hassan Nasrallah, máximo dirigente do Hezbollah e detentor da última palavra, está escondido.

Desde que Israel eliminou na Síria o seu antecessor, Yasser Qatbash, o xeque Nasrallah fica superprotegido. Sua guarda é composta por 200 fiéis xiitas, todos vestidos de preto e armados até os dentes. Desses, 50 revezam-se para fazer a guarda diária.

Todo cuidado com Nasrallah ocorre, pois, no bombardeamento de segunda 23, Ali Karaki, segundo da hierarquia do Hezbollah, foi dado como morto pelos israelenses e ainda vivo e ileso, por sorte, pelos demais membros do Hezbollah.

Ainda quanto a Nasrallah, fala-se de isolamento e decepção com o Irã. E decepção porque pretendia, em caso de invasão de Israel por terra, o compromisso de Teerã de entrar na guerra.

Enfim, fala-se que Nasrallah seguramente não está no Irã. Poderá estar num bunker, em Sharshabouk, sua cidade natal ou em Tiro, onde vivem os seus pais. Sem a sua anuência, nenhuma trégua será formalizada.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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