Wálter Maierovitch

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Opinião

Líder do Hezbollah sucumbiu à sentença de morte de Netanyahu

O líder máximo do Hezbollah foi morto na sexta-feira (27), durante os bombardeios no Líbano promovidos por Israel, consoante anunciado pelas agências de notícias.

Sayyid Hassan Nasrallah, 64 anos, era reservado. Mantinha vida discreta, em permanentes deslocamentos para evitar ser localizado e morto pelo inimigo.

O seu fidelíssimo grupo de guardas de corpo contava com 200 homens, todos vestidos de preto e fortemente armados. Sempre 50 guardas, em revezamento, permaneciam 24 horas ao lado de Nasrallah.

Erros acumulados

A preocupação com a segurança pessoal de Nasrallah cresceu depois da explosão de pagers e walkie-talkies, organizado certamente pelo Mossad, o serviço secreto de Israel.

Como tal prática é considerada excessiva e ilegítima pelo direito internacional, Israel não admitiu a autoria.

A lembrar. Num erro estratégico considerado grave pelos 007 do serviço secreto do Ocidente, Nasrallah anunciou, publicamente, a troca dos celulares, ensejadores de localizações e interceptações dos seus sinais, pelos pagers e walkie-talkies, com comunicação não rastreável.

Com isso, o Mossad agiu antes da entrega dos equipamentos comprados e transformou-os em bombas portáteis. Tal episódio com os aparelhos de comunicação foi sentido como desmoralizante pelo chefe Talal Hamiyar, responsável pelas operações clandestinas do Hezbollah e membro do Conselho da Jihad. O chefe máximo, Nashallah, foi, então, levado a um bunker dado como seguro.

Para surpresa, a violência aumentou e veio o ataque aéreo da segunda feira (23), com 500 mortes, a incluir 35 crianças e 58 mulheres.

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No particular, a previsão de Nashallah foi equivocada, pois concluía pela troca de bombardeamentos limitados à linha de fronteira entre o Líbano e a região israelense da Galileia.

Além do sul e sudeste do Lábano, a capital Beirute foi atingida em uma zona de residência, onde funcionava o agora destruído quartel general do Hezbollah.

Os ataques intensificaram-se. O quartel-general do Hezbollah restou atingido e o líder máximo foi alvejado e faleceu. Na segunda, sob explosões, conseguiu fugir Ali Karaki, terceiro na hierarquia de comando do Hezbollah.

A causa da sentença de morte

Em 7 de outubro do ano passado, quando o Hamas matou 1.200 judeus e sequestrou 240 israelenses, Nashallah declarou, mais uma vez, guerra a Israel.

No dia seguinte, o líder do Hezbollah deu uma entrevista coletiva, declarou apoio incondicional ao Hamas e ressaltou: "todos os dias o Hezbollah irá bombardear Israel".

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O prometido por Nasrallah foi cumprido. Os ataques aumentaram e ao menos 40 mil israelenses tiveram de deixar as suas casas, na região norte, da Galileia.

O êxodo dos israelenses da Galileia causou forte pressão política. O premiê israelense Benjamin Netanyahu decidiu alargar a guerra e incluir o Hezbollah, num momento em que as tropas do Hamas estão praticamente liquidadas, reduzidas a um único batalhão. No início da guerra era composta por cerca de 40 mil homens, destacados em 5 brigadas, 24 batalhões e 120 companhias.

Repetição da tragédia

Nas guerras, a propaganda nunca merece total credibilidade. Segundo difundido, o Hezbollah pretendia imitar a ação terrorista do Hamas, ao aproximar-se do primeiro aniversário da tragédia.

Por tal razão, Netanyahu não aceitou a trégua proposta. Fora isso, tinha de garantir a volta dos israelenses para as suas casas na Galileia. Netanyahu acabou recusando a proposta de trégua " ad interim", por 21 dias (três semanas), apresentada em conjunto por França, Inglaterra e EUA.

O premier israelense queria de Nasrallah uma declaração pública de reconsideração à promessa de ataque diário a Israel, em apoio ao Hamas.

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Desejava, ainda, o afastamento do Hezbollah da região da fronteira, de acordo com a linha estabelecida por resolução da ONU: 14 km de distância, atrás das montanhas, cortada pelo rio Litani e sem visão da Galileia (para evitar os ataques mirados em residências, conforme acontecido).

Netanyahu falava, ainda, em relatórios e verificações. Pelo apurado pela inteligência das forças militares de Israel, o Hezbollah preparava um ataque igual ao realizado pelo Hamas, em 7 de outubro de 2023.

O serviço de inteligência do Exército atestou a existência, na fronteira norte, de uma rede de túneis construídos pelo Hezbollah, à semelhança com os feitos pelo Hamas e que foram usados na fuga dos terroristas.

Sem a trégua acertada, Netanyahu prosseguiu no plano de ataque ao Hezbollah e, para os cerca de 80 mil desalojados da Galileia, está a exibir a execução da sentença de morte imposta a Nasrallah.

No momento, fala-se em desmonte do vértice do Hezbollah e da aniquilação de metade do seu arsenal bélico, composto, originalmente, por 160 mil mísseis.

O Hezbollah deverá, depois dos erros estratégicos, reorganizar-se e prosseguir na guerra, que se regionalizou. O sonho de Nasrallah de envolver o Irã poderá não acontecer.

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Num pano rápido, a diplomacia continuará em busca da trégua e sabem os seus operadores que o sanguinário Netanyahu sempre preferirá acertar acordos com bombas explodindo, sem se importar, numa insensibilidade reprovável, com os civis inocentes.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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