Vídeo mente ao dizer que Musk teria dito que Lula foi nomeado, e não eleito

Publicação mente ao apontar que Elon Musk afirmou que Lula "foi nomeado e não eleito". Vídeo contém trecho de entrevista em inglês, veiculado sem tradução e fora de contexto. Na realidade, o empresário falava sobre o uso de inteligência artificial na educação.

Conteúdo investigado: Vídeo traz áudio em que o bilionário Elon Musk fala em inglês. Uma legenda aponta que a tradução do que ele estaria dizendo seria: "Eu, Elon Musk falo para todos vocês no Brasil, vocês não elegeram ninguém" e "Seu presidente foi nomeado e não eleito". São exibidas fotos dos ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), além de uma imagem da urna eletrônica com a palavra fraude.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: Não é verdade que Elon Musk tenha dito aos brasileiros que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "foi nomeado, e não eleito", diferentemente do que afirma post viral.

A publicação utiliza trecho de um áudio verdadeiro do empresário, em inglês, em que ele fala sobre o uso de inteligência artificial na educação de crianças —ou seja, nada relacionado ao Brasil ou eleições.

A declaração do bilionário é um trecho de sua participação no evento Viva Technology, na França, em maio deste ano. Segundo a Forbes Brasil, o evento é um dos maiores da área de tecnologia e inovação da Europa.

A fala completa dele usada no post verificado é: "A inteligência artificial é um professor extremamente experiente, muito paciente. Estará quase sempre correto e pode adaptar as aulas especificamente para que a criança, então, seria como se cada criança tivesse, você sabe, Einstein como professor, então, seria certamente muito profundo", diz Musk no áudio em inglês.

Além de o post mentir sobre o que Musk teria dito, é falso que Lula não tenha sido eleito. Conforme registrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele ganhou a eleição em 2022 no segundo turno com 50,90% dos votos.

O autor da publicação do conteúdo falso foi procurado, mas não retornou até a publicação desta checagem.

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Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 21 de agosto, a publicação registrava 85 mil visualizações e 14,5 mil curtidas.

Fontes que consultamos: Vídeo original com a entrevista de Elon Musk na íntegra, disponível no YouTube. A reportagem encontrou o conteúdo fazendo uma busca no Google do que ele diz sobre educação e inteligência artificial. Também foram consultados reportagens e o site do TSE.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: São frequentes publicações com desinformação envolvendo Elon Musk com a eleição de Lula. O Comprova já mostrou que o bilionário não comprou o Grupo Globo e que é enganoso post que associa queda em ações da Tesla com embates entre Musk e Alexandre de Moraes. Sobre conteúdos questionando a eleição, o projeto já mostrou, por exemplo, ser falso que o petista não poderia ser diplomado.

Esta verificação contou com a colaboração de jornalistas que participam do Programa de Residência no Comprova.

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Este conteúdo foi investigado por Folha de S. Paulo e O Povo. A investigação foi verificada por NSC Comunicação, A Gazeta, Nexo, Tribuna do Norte, SBT, SBT News, Imirante.com, Metrópoles, O Popular e O Estado de S. Paulo. A checagem foi publicada no site do Projeto Comprova em 22 de agosto de 2024.

Comprova

O Comprova é um projeto integrado por 40 veículos de imprensa brasileiros que descobre, investiga e explica informações suspeitas sobre políticas públicas, eleições presidenciais e a pandemia de covid-19 compartilhadas nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens. Envie sua sugestão de verificação pelo WhatsApp no número 11 97045 4984.

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