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Uma iniciativa do UOL para checagem e esclarecimento de fatos


Inquérito, pedágio, metrô: o que Alckmin acertou ou não na sabatina

O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin - Arte/UOL
O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin Imagem: Arte/UOL

Do UOL em São Paulo e do Aos Fatos*

23/05/2018 18h09Atualizada em 23/05/2018 19h27

O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, participou na manhã desta quarta-feira (23) da série de sabatinas que UOL, "Folha" e SBT promovem com os presidenciáveis.

Durante cerca de uma hora, Alckmin respondeu às perguntas dos jornalistas Diogo Pinheiro, chefe de reportagem do UOL, Fernando Canzian, repórter especial do jornal "Folha de S. Paulo", e Carlos Nascimento, apresentador do SBT.

Durante a sabatina, o pré-candidato falou sobre seus baixos índices de intenção de voto nas pesquisas até agora, resultados de seu governo à frente de SP, metrô e preço de pedágio, denúncias de corrupção contra correligionários e si mesmo, entre outros temas.

O UOL e o Aos Fatos fizeram uma checagem das respostas do presidenciável. Confira abaixo onde ele acertou e onde ele errou em suas declarações.

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O pedágio já caiu em abril entre 20% e 25% [nas rodovias de SP], foi reduzida a tarifa.

EXAGERADO: O índice de redução do preço do pedágio nas rodovias paulistas citado por Alckmin, entre 20% e 25%, não aconteceu em todas as estradas do estado de SP nem no preço médio considerando todas elas. De acordo com dados da Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo), desde o dia 18 deste mês, 4 das 167 praças de pedágio tiveram redução em duas rodovias na região oeste. Na SP-322 e na SP-330, a redução da tarifa ficou entre 19% e 25%.

De acordo com a Artesp, Alckmin referiu-se a essas tarifas de pedágio na região de Ribeirão Preto. "Houve relicitação do trecho e já foi aplicada a redução média de 19% na tarifa quilométrica do pedágio, além de desconto adicional de 5% sobre a tarifa nominal", afirma a agência reguladora paulista.

"Até o final do ano, também haverá redução média de 21% na tarifa de pedágio quilométrica das praças hoje operadas pela concessionária Autovias em razão da relicitação realizada em abril de 2017. Nesse caso, também há previsão de desconto adicional de 5% no valor da tarifa nominal para quem optar pelo pagamento eletrônico", diz a nota enviada ao UOL.

A Artesp diz ainda que as reduções podem ser ainda maiores, caso as novas concessionárias adotem a tarifa flexível prevista no edital, com descontos para horários de baixo fluxo nas rodovias.

Em abril, o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) declarou nulo aditivo contratual firmado com 12 concessionárias de rodovias de SP em 2006, depois de uma ação da Artesp, que encarecia o valor do pedágio ao mudar a forma de cálculo das tarifas e estendia o prazo da concessão.

Outro lado - Resposta da assessoria de imprensa: "Geraldo Alckmin se referia às tarifas de pedágio da região de Ribeirão Preto, onde já houve redução média de 19% na tarifa quilométrica, além de desconto adicional de 5% para quem usar pedágio eletrônico. Em outros pedágios, até o fim do ano, pode haver redução média de 21%, além do desconto de 5% para quem tiver o tag eletrônico".

"Não passamos a mão na cabeça de ninguém", diz Alckmin sobre Azeredo

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Não passamos a mão na cabeça de ninguém [sobre denúncias contra tucanos].

CONTROVERSO: Alckmin fez a afirmação ao comentar a ordem de prisão do tucano e ex-presidente nacional do PSDB Eduardo Azeredo. Ele havia sido considerado foragido pela polícia de Minas Gerais na manhã desta quarta-feira e foi preso quatro horas após o final da sabatina. “A Justiça se faz para todos, aliás acabou de ser feita”, completou Alckmin sobre o correligionário.

Azeredo nunca foi punido pelo PSDB, partido ao qual é filiado até hoje e onde integra a Executiva Nacional. Como presidente nacional dos tucanos desde dezembro do ano passado, não há notícia de que Alckmin tenha pedido a desfiliação de Azevedo ou de outros correligionários suspeitos de corrupção.

O senador Aécio Neves, por exemplo, é alvo de uma ação penal e oito inquéritos por suspeitas diversas de envolvimento com corrupção. Ele não enfrenta, pelo menos até o momento, nenhum procedimento disciplinar interno no PSDB, além de se manter como membro da Executiva Nacional. O senador José Serra, participante da Executiva, também é alvo de denúncias por parte de delatores na Operação Lava Jato, assim como o próprio Alckmin. Tanto Aécio como Serra negam irregularidades.

“Já passamos da fase das indignações e das desculpas seletivas, lamento mas essa afirmação do pré-candidato é uma ‘fake news’”, afirma Roberto Romano, professor de ética e filosofia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). “Como que não passam a mão na cabeça de ninguém se o Azeredo, o Aécio, o Serra, estão todos lá na direção do partido”, questiona o professor.

Na opinião do blogueiro Josias de Souza, do UOL, se quisesse passar uma mensagem de intolerância contra a corrupção, o partido teria afastado políticos encrencados com a Justiça.

Outro lado - Resposta da assessoria de imprensa: "Checagem se faz com base em fatos, não em opiniões. No caso de Aécio Neves, para dar um exemplo mencionado na sabatina, ele se afastou da presidência nacional. Ao contrário de outros partidos, o PSDB defende que decisão judicial seja cumprida".

São Paulo, quando assumi, tinha em números redondos 60 km de metrô. No fim do ano vai ter 89 km. Em 50 anos, 60 km. Em plena crise, praticamente vamos aumentar 50% a rede de metrô de São Paulo.

IMPRECISO: Geraldo Alckmin usou uma referência errada no início da fala sobre o tamanho da rede de metrô da cidade de São Paulo. Quando assumiu o governo do estado, em 2011, a malha metroviária já tinha 70 km de extensão, e não 60 km, como ele afirmou na sabatina. Na época, a Companhia do Metrô tinha 42 anos de existência, e não 50 anos, como o pré-candidato deu a entender.

O tucano também se confundiu ao dizer que o metrô vai chegar a 89 km no fim do ano. Na verdade, a rede já tem esta extensão atualmente .

No desfecho da fala, Alckmin usa a marca de 60 km para dizer que seu governo aumentou em 50% o tamanho da rede. Como a referência correta é 70 km, o crescimento da malha do metrô não chega a essa cifra, ficando em 27%.

Outro lado - Resposta da assessoria de imprensa: "Quando Geraldo Alckmin assumiu em 2011, a malha de trilhos paulista tinha 68 km. Atualmente, tem 89 km. Até o final de 2018, com as entregas previstas de obras iniciadas em sua gestão, chegará a 102 km. Portanto, aumento de 50%".

Alckmin rebate acusações sobre ter recebido propina da CCR

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O procurador-geral da República não apurou nada e encaminhou para o STJ, dizendo ‘mande à Justiça Eleitoral de São Paulo, continue a investigação'. Não tem nem inquérito [sobre suposto repasse de R$ 10,3 milhões da Odebrecht para suas campanhas eleitorais de 2010 e 2014] .

FALSO: Há dois inquéritos abertos sobre este caso.

Um inquérito foi encaminhado do STJ (Superior Tribunal de Justiça) para o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) em abril, após Alckmin deixar o governo de SP para poder concorrer à Presidência da República nas eleições de outubro, quando perdeu o foro privilegiado. Este inquérito foi parar na Justiça Eleitoral após parecer da PGR (Procuradoria-Geral da República) avaliar que se tratava de uma questão eleitoral. 

Além deste, foi revelado em abril que o MP-SP (Ministério Público de São Paulo) também abriu inquérito para investigar o caso.

Alckmin diz que Aécio não será candidato e que não subirá em palanque

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A vítima [da violência] é o jovem do sexo masculino e com baixa escolaridade.

VERDADEIRO: De fato, como afirma Geraldo Alckmin, homens jovens com baixa escolaridade --e negros-- são as principais vítimas de homicídios no Brasil, de acordo com o Atlas da Violência 2017, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que compilou os dados entre 2005 e 2015.

Neste último levantamento, os homicídios de homens com idade entre 15 e 29 anos corresponderam a 47,8% do total de mortes --e 53,8% se considerada apenas a faixa entre 15 e 19 anos.

Eu tenho 40 anos de vida pública.

VERDADEIRO: No site da sua biografia, o candidato Geraldo Alckmin afirma ter 64 anos, dos quais 44 viveu na vida pública. O candidato começou sua carreira política em Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, onde foi eleito vereador de 1972 a 1976.

Eu tenho de 6% a 12% [das intenções de voto].

EXAGERADO: Os dados das últimas pesquisas de intenção de voto divulgadas mostram um cenário diferente do pintado por Geraldo Alckmin, a depender da metodologia.

No levantamento do CNT/MDA, divulgado em 14 de maio, o tucano pontua entre 4% e 8,1% nos cenários em que são apresentados os nomes dos candidatos. Na espontânea, Alckmin chega a 1,2%, atrás de Lula, Bolsonaro, Ciro Gomes e Marina Silva. A margem de erro do levantamento é 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Já na pesquisa Datafolha, o ex-governador de São Paulo tem entre 7% e 8% nos cenários sem Lula e 6% no levantamento com o nome do petista. Na pesquisa espontânea, o pré-candidato do PSDB tem 1% das intenções de voto. A margem de erro desta pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Outro lado - Resposta da assessoria de imprensa: "Os dados levam em consideração pesquisas internas do PSDB".

Não é razoável ter 13,1 milhões de desempregados.

IMPRECISO: Segundo números da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 13,7 milhões de pessoas estão desempregadas no país. O índice de desemprego atingiu 13,1% no trimestre encerrado em março de 2018, o maior nível desde maio do ano passado.

Veja a íntegra da sabatina do UOL, Folha e SBT com Geraldo Alckmin

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* Colaboraram Aiuri Rebello e Wellington Ramalhoso, do UOL em São Paulo, e Ana Rita Cunha, Bárbara Libório, Bernardo Moura, Judite Cypreste e Tai Nalon, do Aos Fatos.

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