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É falso que oceano está se formando na África por influência cosmológica

07.jul.2022 - É falso que continente africano esteja se dividindo em dois - Arte/UOL sobre Reprodução/Facebook
07.jul.2022 - É falso que continente africano esteja se dividindo em dois Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução/Facebook

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

18/07/2022 11h53

É falso que parte do continente africano está se dividindo em dois, formando um novo oceano em razão de a crosta terrestre estar "toda rachada" e por "influência da nova ordem cosmológica". A teoria está em uma publicação da página do Facebook de 7 de julho. Estudos geológicos mostram que, de fato, existem fendas no solo da África, mas são consequência de um vulcão na Etiópia, e ainda é incerto o futuro desse fenômeno.

Na postagem, o perfil informa que "após 10 milhões de anos, um novo oceano está se formano (sic) na África. Isso acabará por dividir o continente africano em dois".

A frase está em uma montagem com duas imagens, sendo uma de uma rachadura em um solo e outra de uma espécie de canal marítimo que se estende do Sul ao Nordeste da África.

Na legenda, o post credita a formação de um novo oceano a dois fatores:

"Terra está rachando? Pode apostar que sim. Primeiro, porque a superfície da Terra, a dita crosta terrestre, já está toda rachada. E segundo, por influência da nova ordem cosmológica em função do astro que se aproxima, a maré gravitacional vai batendo cada vez mais forte nessa crosta, exatamente como uma ressaca de maré alta, arrebentando tudo o que encontra na orla da praia - numa comparação muito próxima de realismo", diz na publicação.

A postagem é falsa, pois não existem estudos de formação de oceano na África devido a rachaduras na crosta terrestre ou por influência cosmológica, conforme consulta do UOL às principais e mais confiáveis bases de artigos científicos do mundo: Scopus, Scielo, Google Scholar, Science.gov e World Wide Science.

Os estudos que mais se aproximam do tema são da AGU (União Geofísica Americana). Em um artigo de 2020, o professor Erik Klemetti, da Faculdade de Geociências da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, mostra que, de fato, existe uma fenda no solo ao redor do vulcão Erta Ale, no estado de Afar, na Etiópia, que apresenta "características de uma cordilheira meso-oceânica de rápida expansão", entre as placas tectônicas Somali e Núbia.

O pesquisador se baseia em demais estudos anteriores, sobretudo, no de Christopher Moore, professor da Universidade de Leeds, na Inglaterra, que se dedica desde 2017 a pesquisas sobre as consequências geológicas do vulcão Erta Ale.

Em um artigo publicado em 2019, Moore não adota tom alarmista, e diz que só saberemos o futuro da região afetada pela fenda daqui a 5 milhões de anos. Por enquanto, a única evidência ao redor do vulcão que converte para a possibilidade de formação de um novo oceano é o acúmulo raso de magma — rocha em estado de fusão—, o que não é suficiente para afirmar algo sobre o futuro do fenômeno.

"O futuro tectônico na região de Afar não é claro. Está longe de ser acordado quando, se alguma vez, a região se tornará um centro de expansão oceânica ou se uma bacia oceânica se formará entre as placas da Somali e Núbia", diz Klemetti.

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