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Em recado a Di Caprio, Bolsonaro repete mentiras sobre meio ambiente

Em carta a DiCaprio, Bolsonaro repete mentiras sobre meio ambiente - Arte/UOL Confere sobre Reprodução/Facebook
Em carta a DiCaprio, Bolsonaro repete mentiras sobre meio ambiente Imagem: Arte/UOL Confere sobre Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

29/07/2022 18h08

Após um tuíte do ator Leonardo DiCaprio sobre o desmatamento na Amazônia, o presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) voltou a mentir sobre a preservação da floresta durante o seu governo.

Publicada primeiramente no Twitter, em menos de 24 horas de compartilhamento, a thread de resposta do chefe do executivo atingiu mais de 13,3 mil retweets e 55 mil curtidas. Pouco tempo depois, o conteúdo enganoso também foi compartilhado no Facebook, onde obteve cerca de 7,5 mil comentários e 5,5 mil compartilhamentos.

DiCaprio divulgou em seu perfil do Twitter na última terça-feira (26) que a região amazônica, segundo levantamento da MapBiomas, tem enfrentado um ataque de desmatamento ilegal nas mãos da indústria extrativa nos últimos 3 anos. Além do texto, o ator compartilhou um vídeo que mostra o impacto mensal desse desmatamento ilegal na floresta -começando em janeiro de 2019 e terminando em fevereiro de 2022.

Dentre as desinformações compartilhadas na resposta de Bolsonaro a Leonardo DiCaprio estavam que o Brasil é a nação que mais preserva o meio ambiente do mundo, de que no seu governo o desmatamento é bem menor do que era no passado e de que seu governo anunciou novo compromisso para erradicar o desmatamento ilegal até 2028.

Mas não se preocupe, Léo, ao contrário dos lugares para os quais você fazer um brilhante papel de cego, o Brasil é e continuará sendo a nação que mais preserva no mundo. Você pode seguir brincando com seus amigos famosos de Hollywood enquanto fazemos nosso trabalho".
Jair Messias Bolsonaro (PL), no Twitter

No entanto, segundo o ranking de áreas preservadas (em relação ao território total de cada país) elaborado pelo Banco Mundial com dados de 2021, o Brasil ocupa a 34ª posição.

Outra pesquisa, elaborada pelo Global Forest Watch com dados da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, apontou que o Brasil foi o país que mais desmatou florestas tropicais no mundo em 2021. No ano passado, segundo o estudo, mais de 40% da perda de florestas nativas estão em solo brasileiro, o que corresponde a 1,5 milhão de hectares. A pesquisa relaciona a devastação ao pico de incêndios na Amazônia e no Pantanal em 2020.

Essa não é a primeira vez que o presidente diz essa informação falsa, no dia 10 de junho deste ano, na Cúpula das Américas, ele fez a mesma declaração mentirosa, que, na época, também foi checada pelo UOL Confere.

Na verdade, no meu governo o desmatamento médio é bem menor do que era no passado, quando o condenado que sua amiga apoia e que virou candidato estava no poder".
Jair Messias Bolsonaro (PL), no Twitter

Só em maio deste ano, o desmatamento na Amazônia registrou o segundo nível mais alto para o mês desde 2016, com 900km² desmatados, segundo dados de satélite do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Durante todo o mês, uma área equivalente a 126 mil campos de futebol foi desmatada na região. Já entre janeiro e maio de 2022, o bioma perdeu 2.867 km2 de floresta, o que representa um aumento de 12,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Durante todo o Governo Bolsonaro, a Amazônia tem atingido sucessivos recordes de desmatamento.

Também está claro que você não sabe que meu governo anunciou um novo compromisso para erradicar o desmatamento ilegal até 2028, e não até 2030 como a maioria dos países".
Jair Messias Bolsonaro (PL), no Twitter

É verdade que o governo Bolsonaro anunciou um novo compromisso para erradicar desmatamento ilegal até 2028. O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, anunciou em novembro de 2021, durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP26, que o Brasil deverá zerar o desmatamento ilegal em 2028. Antes a meta dava o prazo de 2030. No entanto, á em abril deste ano, pela primeira vez para o mês, o desmate na Amazônia ficou acima de mil km2, área equivalente a mais de 140 mil campos de futebol, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Com informações da Agência Estado

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