Vacinas, eleições e cloroquina: 8 mentiras de Bolsonaro no Flow Podcast
O presidente Jair Bolsonaro repetiu uma série de mentiras —que costuma dizer em lives semanais e discursos públicos— ao longo de mais de cinco horas de entrevista ao vivo para o Flow Podcast. Entre os temas, vacinas contra covid-19, colapso hospitalar de Manaus, processo eleitoral, segurança pública e o uso da cloroquina —ainda defendido pelo presidente, apesar de sua ineficácia no suposto tratamento precoce da doença ser reafirmada desde 2020 por estudos científicos e pela OMS (Organização Mundial de Saúde)
Compra de vacinas. O presidente mentiu sobre a demora na compra de vacinas contra a covid-19, como já havia feito em live do dia 21 de julho.
"Me acusam de não ter comprado vacina. Em 2020, a primeira vacina começou em dezembro, no Reino Unido"
No entanto, segundo o relatório final da CPI da Covid, dezembro "seria o mês que o Brasil deveria ter iniciado a vacinação, caso houvesse fechado os contratos da Pfizer e CoronaVac". O governo recebeu ofertas para compra dos dois imunizantes em maio de 2020.
Efeitos colaterais. O presidente voltou a afirmar que não comprou a vacina da Pfizer contra a covid-19 porque a empresa não se responsabilizava pelos efeitos colaterais.
"Acredito que 90% do pessoal aqui não lê a bula de remédio. Eu li a bula que era o contrato da Pfizer, em 2020. Estava escrito em um dos itens: não nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral"
A isenção de responsabilidade, no entanto, é um mecanismo comum para que as empresas não sejam processadas por eventuais reações adversas, segundo especialistas. De acordo com a BBC Brasil, Pfizer e Moderna fecharam contrato com isenção de responsabilidade com o governo norte-americano, por exemplo.
Imunização. "Por que vacinar quem contraiu o vírus?", questionou o presidente, após citar um estudo israelense.
"Quem se contaminou está melhor imunizado do que quem tomou a vacina"
Um vídeo em que um senador norte-americano distorcia dados do estudo viralizou no ano passado --antes que a pesquisa passasse pela revisão pelos pares. O parlamentar é o republicano Rand Paul, que divulgou informações falsas sobre vacinação desmentidas por veículos como CNN e Politifact.Não há respaldo científico para que alguém deixe de se vacinar porque contraiu covid-19.
Cloroquina. Ao voltar a defender o uso da hidroxicloroquina, que não tem eficácia comprovada na prevenção da covid-19, o presidente afirmou: "Na região amazônica, qual o percentual de mortos entre civis e militares? Muito maior entre os civis proporcionalmente, os militares estavam usando [cloroquina]. Eu tomei quando passei mal, no dia seguinte estava bom." A OMS "desaconselha fortemente" o uso do medicamento como tratamento precoce.
Crise em Manaus. Bolsonaro atribuiu ao atraso no pedido por oxigênio o colapso hospitalar em Manaus em janeiro de 2021.
"Pediram [oxigênio] de forma atrasada. Em 24 h começaram a chegar os aviões com cilindro de oxigênio lá. Agora a procura foi enorme. Não vou culpar o governo do estado porque foi algo que explodiu."
Porém, documento enviado pelo próprio Miinstério da Saúde à CPI da Covid, do Senado Federal, indica que o órgão soube do aumento da demanda por respiradores um mês antes da crise.
Armas e crimes. Bolsonaro voltou a defender a falsa tese de que, com mais armas em circulação, menos crimes acontecem, como já havia feito em live do dia 21 de julho.
"Quando a pessoa vai cometer um crime, fica mais à vontade quanto mais certeza ele tem que ninguém vai mais oferecer resistência".
A falsa correlação, que vem sendo repetida por pré-candidatos nas redes sociais, contraria pesquisas científicas. Uma revisão de estudos feita pelo economista e cientista de dados Thomas Victor Conti, professor do Insper e do IDP-SP (Instituto de Direito Público), concluiu que 90% das revisões de literatura são contrárias à tese "mais armas, menos crimes".
PIX. Bolsonaro afirmou que seu governo criou o Pix e atribuiu a ideia ao atual presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos.
"O Pix foi o meu governo que criou"
Não é verdade. A plataforma de transferência instantânea começou a ser desenvolvida em 2018, durante o governo de Michel Temer. Quem presidia o BC na época era o economista Ilan Goldfajn.
Sala-cofre. Bolsonaro voltou a lançar suspeitas sobre a contagem de votos ao criticar a existência de uma sala-cofre para a totalização —a soma dos votos de todas as urnas.
"Tem que ser público. Se é numa sala-cofre, não é público, 20 poucos servidores apuram lá dentro"
No entanto, como já mostrou o UOL Confere, o processo é público. Mesmo antes da totalização, assim que a votação de uma seção eleitoral é encerrada, é possível saber o resultado daquele local com base nas mesmas informações que chegam para o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
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