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Programa do Ratinho: Bolsonaro erra sobre vacinas, STF e questões de gênero

13.set.2022 - Jair Bolsonaro (PL) no Programa do Ratinho - Arte/UOL sobre Reprodução/Youtube
13.set.2022 - Jair Bolsonaro (PL) no Programa do Ratinho Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução/Youtube

Do UOL, em São Paulo

14/09/2022 00h03

Durante entrevista ao Programa do Ratinho nesta terça-feira (13) o presidente Jair Bolsonaro (PL) desinformou sobre a vacinação contra a covid-19, a ação da polícia no Rio de Janeiro contra as milícias e sobre o Piso da Enfermagem. O candidato à reeleição também repetiu mentiras sobre a suposta "ideologia de gênero". Leia a checagem.

Fomos o país que mais vacinou [contra covid-19] no mundo proporcionalmente".

A fala de Bolsonaro é falsa. O Brasil é o 7º país que mais vacinou proporcionalmente à população. O país fica atrás de Cuba, Portugal, Chile, Cingapura, Vietnã e China, segundo o levantamento do Our World In Data. Analisando as doses de reforço pelo mesmo site, a fala do presidente também desinforma. Nesse cenário o Brasil é o 4º país que mais aplicou as doses de reforço, depois de Chile, Cingapura e Itália.

O Correio está dando lucro".

A afirmação é verdadeira. Os Correios registraram lucro de R$ 3,7 bilhões em 2021, valor que representa o dobro do registrado em 2020 e representa o melhor resultado nos últimos 22 anos. Esse foi o terceiro ano seguido de ganhos na estatal, que aumentou o volume de operações e receitas durante a pandemia de covid-19.

Piso da enfermagem foi 'decisão monocrática de Barroso' (...) espero que o Supremo não interfira em mais uma coisa que não é competência deles".

É verdadeiro que a suspensão do piso da enfermagem foi decisão do ministro Luís Roberto Barroso. No entanto, é falso que não cabe ao STF (Supremo Tribunal Federal) a análise desta decisão, que foi aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente.

O texto foi aprovado na Câmara por 449 votos a favor e 12 contrários. Só o partido Novo e a base do governo orientaram voto contrário.

A CNSaúde (Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos e Serviços) entrou com ação no Supremo alegando, segundo o próprio site do STF, que "que a lei seria inconstitucional porque regra que define remuneração de servidores é de iniciativa privativa do chefe do Executivo, o que não ocorreu".

Entrentanto, para evitar esse tipo de argumento, os parlamentares aprovaram no dia 14 julho a PEC 11/22.

A PEC do Piso da Enfermagem determina que uma lei federal instituirá pisos salariais profissionais nacionais para o enfermeiro, o técnico de enfermagem, o auxiliar de enfermagem e a parteira, a serem observados por pessoas jurídicas de direito público e de direito privado.

O Projeto de Lei, aprovado na Câmara em maio, foi sancionado por Bolsonaro no dia 5 de agosto —depois da aprovação da PEC.

A Confederação também alegou na ação que "o texto foi aprovado de forma rápida e sem amadurecimento legislativo na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, onde não passou por nenhuma comissão".

O STF é o órgão responsável pela defesa da Constituição, logo acusações sobre inconstitucionalidades legislativas estão sob sua jurisdição.

[Lula] Vai manter a política terrível conhecida como ideologia de gênero, e ninguém quer uma filha tua de seis, sete, anos de idade, vá no banheiro da escola e encontre um molecão de 15, 16 anos fazendo xixi no banheiro".

A fala é insustentável. Esta linha de pensamento em torno de uma suposta "ideologia de gênero" nem sequer existe entre pesquisadores da área.

Doutora em estudos de representatividade de gênero pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), a escritora Fernanda Friedrich afirma que os teóricos não negam diferenças físicas e biológicas de homens e mulheres. "O que fazemos é identificar essas diferenças e compreender como elas criam desigualdades entre as pessoas. Por exemplo, por que um homem branco tem uma relação com a sociedade e uma mulher negra tem outra?", diz.

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