Montagem traz acusações falsas sobre doações destruídas no RS

Uma montagem com cinco vídeos nas redes sociais traz informações falsas sobre a situação de apoio aos desabrigados das enchentes do Rio Grande do Sul.

Nas postagens, há pelo menos um vídeo antigo sobre uma suposta destruição de roupas, além de outras informações já desmentidas por autoridades e uma empresa dona de um caminhão.

O que diz o post

O post traz um vídeo com diversas situações. Na primeira filmagem, aparece uma retroescavadeira que supostamente estaria destruindo doações em um galpão. A autora diz: "Pessoal, vocês que doaram aqui para Encantado, ó. (...) Agora tão com a patrola, destruindo tudo que vocês mandaram pro pessoal. Ó o que eles estão fazendo com as doações, tão vendo, pessoal?"

O segundo vídeo acusa o poder público de obstruir a circulação de barcos, carregados em veículos terrestres, para salvamentos. Diz o autor: "Aqui os barcos, tudo parado, o pessoal querendo entrar, não pode entrar porque tem que fazer um? Só falta eles pedirem carteira aqui, né, cara. (...) Gente lá, morrendo lá dentro, e o Exército ali levantando corda, e proibindo as pessoas de entrarem."

O terceiro conteúdo mostra alimentos em um galpão, com o locutor alegando que estão estragando.

O quarto vídeo traz acusações de burocracia nas doações em Novo Hamburgo (RS). "Tava tudo acontecendo certinho. Agora a prefeitura entrou no esquema, começou a complicar. (...) A Fenac [espaço de eventos na cidade] está lotada de coisa parada aqui e a prefeitura agora está proibindo de fazer doações para outros lugares", diz a autora.

No quinto, aparece um caminhão da empresa Bread King e o locutor diz que ele teria sido retido por conta da falta de nota fiscal dos alimentos a serem doados.

Por que é falso

Vídeo 1 - Conteúdo gravado em Encantado (RS) é antigo. Por meio de busca reversa do vídeo (aqui), encontramos reportagens de setembro e novembro de 2023 (aqui e aqui) sobre o conteúdo. Na ocasião, o vídeo viralizado acusava a prefeitura de danificar roupas —doadas após enchentes anteriores— com o uso de uma retroescavadeira na quadra do Parque João Batista Marchese. Em resposta, a administração publicou no Instagram (aqui) um vídeo com o prefeito, Jonas Calvi (PSDB), dizendo que a escavadeira seria para abrir espaço na organização do lugar. "Se houve um equívoco, foi trazer a máquina aqui, para agilizar todo esse trabalho para que nós possamos trazer as pessoas que estão lá no Navegantes para que fiquem aqui abrigadas. [...] Nenhuma peça foi jogada fora. Todas estão aqui bem organizadas para quem precisar". Veja o vídeo abaixo:

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Vídeo 2 - Entidades negam bloqueio a veículos náuticos. A Brigada Militar do RS publicou vídeo (aqui e abaixo) negando fiscalizações em embarcações, além de não estar cobrando notas fiscais de doações ou impedindo a circulação de alimentos. Além disso, a Polícia Rodoviária Federal do Estado também negou ao UOL Confere o bloqueio a barcos. Já o Exército disse: "Naquela ocasião estava sendo realizado um trabalho de controle e de organização das embarcações para que se evitassem acidentes e comprometesse o trabalho de resgate das vítimas da enchente".

Vídeo 3 - O UOL Confere não conseguiu comprovar a autenticidade das imagens nem identificar o local onde teriam sido feitas.

Vídeo 4 - Prefeitura de Novo Hamburgo disse que organiza as doações. O trecho que mostra pessoas criticando o fluxo de doações na cidade é de fato recente. Procuramos a prefeitura, que encaminhou uma resposta. "Todas as doações estão sendo encaminhadas para os abrigos organizados pelo município e também para os organizados pela comunidade, em igrejas, associações, escolas privadas, através do contato direto com seus coordenadores. Mas isso é feito de maneira organizada e registrada, para posterior prestação de contas à população. Alguns voluntários que estavam auxiliando no recebimento das doações resolveram entregar os donativos por conta própria para quem chegava no local solicitando, sem qualquer registro ou verificação de necessidade. A Secretaria de Desenvolvimento Social, então, impediu-os de continuar, explicando o processo legal que deve ser realizado".

Vídeo 5 - Empresa disse que caminhão foi parado por excesso de peso, e não por falta de nota fiscal. Em nota no Instagram (aqui e abaixo), a Bread King disse: "o veículo seguiu viagem até seu destino final, entregando os suprimentos aos necessitados ainda durante a madrugada. No posto de fiscalização, o veículo foi abordado devido ao excesso de peso, porém foi liberado sem receber qualquer notificação ou autuação." O UOL Confere explicou a polêmica sobre as multas aplicadas a caminhões com donativos (aqui).

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Viralização. Até esta segunda-feira (13), um dos posts do Instagram tem mais de 22 mil visualizações, 130 comentários e 630 compartilhamentos.

Este conteúdo também foi checado por Estadão Verifica, (aqui), Fato ou Fake (aqui) e Reuters (aqui).

Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.

Fabíola Cidral conta como reconhecer logo de cara uma fake news

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