Após 14h de trégua na onda de violência em SC, bandidos atacam base da PM e incendeiam ônibus
Dois ataques violentos perpetrados por bandidos entre a noite de sexta-feira (16) e a madrugada deste sábado (17) na Grande Florianópolis colocaram fim a uma trégua de 14h e meia na onda de violência que assola Santa Catarina desde segunda-feira (17).
Em São Francisco do Sul (litoral norte de Santa Catarina), criminosos incendiaram mais um ônibus, no 27º ataque do gênero em cinco dias violentos.
Segundo testemunhas, o veículo foi abordado por um grupo de homens armados que ordenou aos passageiros, ao motorista e ao cobrador do ônibus para descerem, antes de atear fogo no coletivo e fugir. Não há informações sobre vítimas ou feridos.
Já em Campeche (sul de Florianópolis), dois homens em uma motocicleta atacaram a tiros uma base da Polícia Militar na praia. A ação aconteceu no final da noite desta sexta-feira (17), por volta das 23h30. Não houve feridos.
Em uma operação conjunta do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e da tropa de choque da PM, policiais realizaram buscas pelos bandidos na região, mas ninguém foi preso.
Os ataques recomeçaram pouco mais de cinco horas após autoridades estaduais comemoraram a folga sentida desde o último incidente até então, quando bandidos incendiaram outro ônibus, por volta das 10h, em São José, na Grande Florianópolis.
Em seis dias consecutivos de ataque, foram 61 incidentes em 13 cidades do Estado, três mortos em confrontos com a polícia, 27 ônibus incendiados e 46 pessoas detidas. Os prejuízos materiais com os ônibus queimados foram estimados em R$ 5 milhões, segundo cálculos do sindicato das empresas (Setuf). As informações são da PM.
"Pior já passou"
Também nesta sexta-feira (16), o governo de Santa Catarina disse acreditar que a violência dos últimos cinco dias está no fim: "O pior já passou, e a paz vai ser restaurada", afirmou o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Nazareno Marcineiro.
O governo já reconheceu que parte dos ataques é coordenado de dentro dos presídios de São Pedro, Itajaí e Criciúma, por detentos da facção criminosa Primeiro Grupo Catarinense (PGC).
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Eles teriam deflagrado atentados nas ruas em represália às más condições carcerárias - o diretor da cadeia de São Pedro, Carlos Alves, deixou o cargo na quarta-feira (16), em meio a investigações do Tribunal de Justiça de acusações de tortura de presos sob sua gestão.
O coronel Marcineiro disse que existe "uma correlação perceptível entre o acirramento do combate ao tráfico de drogas e a violência nas ruas".
O delegado-geral da Polícia Civil Aldo D'Ávila disse que o PGC é responsável por alguns ataques, mas que muitos dos atentados, entretanto, seriam ações oportunistas, na maioria cometidas por adolescentes não vinculados às quadrilhas. Por trás de tudo, a polícia investiga narcotraficantes presos.
O coronel Marcineiro disse também é improvável que os incidentes aumentem. Mas que caso seja necessário, a PM poderá convocar tropas de cidades do interior para reforçar o policiamento nas áreas mais ameaçadas. "Nós temos meios de enfrentar o problema".
Ajuda federal é descartada
O governo do Estado divulgou uma nota informando que esta manhã o presidente da República em exercício, deputado Marco Maia, telefonou para o governador Raimundo Colombo colocando à disposição recursos da União. O governador disse que agradeceu o apoio, mas que por enquanto ele não é necessário.
Na entrevista, o secretário de Segurança César Grubba disse que o governo estadual por enquanto não precisa de ajuda do governo federal: "Não estamos recusando ajuda, mas quando e se for necessário o Estado não se furtará de pedir, a qualquer tempo".
Ele disse ainda que "no gabinete de crise nós já temos contatos com os setores de inteligência da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e do Exército".
As autoridades criaram mais um grupo de trabalho, além da força-tarefa policial e do gabinete de crise. A equipe é composta pela PM, Secretaria Municipal de Transportes de Florianópolis e sindicatos das empresas e de empregados de ônibus da capital para organizar os recursos da PM na escolta do transporte coletivo.
O órgão é necessário por causa da complexidade da tarefa. São cerca de mil ônibus circulando na cidade em dias normais. A PM não tem recursos para cobrir toda malha. Será preciso fazer comboios e escalas.
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