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Dia das Mães em Santa Maria (RS) tem emoção, abraços e dor compartilhada

Melina Guterres

Do UOL, em Santa Maria (RS)

12/05/2013 13h59

O dia começou com chuva em Santa Maria (RS). Nas paredes do salão de um clube, cartazes, mensagens, fotografias. Aproximadamente 500 pessoas se reuniram para homenagear neste domingo (12) em um almoço as mães de vítimas da tragédia na boate Kiss. O evento promovido pela a Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia em Santa Maria (AVTSM), de acordo com seu presidente, Aderbal Ferreira, tem como objetivo confraternizar junto dor e sentimentos. “A gente queria unir as mães, tirar elas de casas”, conta.

Também compareceram prestando solidariedades grupos de pais que perderam seus filhos das cidades gaúchas de Livramento e Caxias dos Sul. Elenita, organizadora do grupo de Livramento, perdeu um filho há oito anos, para ela o “primeiro Dia das Mães é sempre o mais difícil”. Do mesmo grupo, Tereza Kovatlchuk, lembra que veio compartilhar a dor. Ela e o marido perderam um filho há um ano e dez meses.

A associação exibiu um vídeo com imagens das 241 vítimas, que emocionou a todos os presentes. Para Isabel Costa, 47, recepcionista, mãe de Évelin Lopes, 20, vítima da tragédia, o momento de união neste dia é fundamental. “A gente tá procurando consolo, abraço de outra mãe para confortar”.

 

Veleda Ames, 50, autônoma, mãe de Alexandre Prado, 18, também vítima, relata que tem participado das reuniões de pais da associação. “Eu choro muito nas reuniões lembrando do meu filho, mas ali a gente vê que não está sozinho, estamos compartilhando a mesma dor”.

Uma palavra muito utilizada em todas as homenagens foi “amor”. Ciça Guimarães, em sua mensagem em vídeo, lembrou a importância de sentirem abençoados por terem sido mães. Gelsa Iná Barcellos, 63, pedagoga aposentada, mãe de João Barcellos, 24, conta que hoje se sente feliz. “Eu cumpri com meu papel de mãe. Enquanto o João foi vivo, nós nos amamos muito”.

As mães ainda receberam 241 anjos de um grupo de pais de Santos, no litoral paulista, que vieram especialmente para “transmitir amor”, como conta Hagar Fernandes, 58, organizadora da ação. Os anjos produzidos, por sua sogra Tereza da March, 76, levaram 100 dias para ficarem prontos. “Me sinto realizada em ter vindo entregar hoje os anjos”, conta.

Na mesa de Helena Maria Rosa da Cruz, 54, professora municipal, dois anjos. Ela perdeu na tragédia os filhos José Manuel e Mirela da Cruz. Ela e o marido fazem terapia. “É muito difícil, lembro deles 24 horas por dia, mas esse apoio coletivo alivia um pouco. Nos confortamos uma na outra” diz lembrando que além do apoio da associação, também tem de um grupo em uma casa espírita que frequenta.

Segundo Aderbal, a associação promoverá outro evento também no Dia dos Pais.