Topo

Pedido para PF investigar morte de Toninho do PT em Campinas (SP) é negado

Toninho do PT, morto em 2001, durante campanha um ano antes - Ricardo Lima/Folhapress
Toninho do PT, morto em 2001, durante campanha um ano antes Imagem: Ricardo Lima/Folhapress

Do UOL, em Campinas

10/09/2013 12h54

Um dia antes do aniversário da morte do ex-prefeito de Campinas (a 93 km de São Paulo) Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, que completa 12 anos nesta terça-feira (10), o advogado da família disse que a Polícia Federal não vai investigar o crime, como queria a família.

Ontem, o advogado Willian Ceschi Filho declarou que o Ministério da Justiça negou o pedido.

Toninho foi morto a tiros na noite de 10 de setembro de 2001 na avenida Mackenzie, em Campinas, quando seguia de carro para a casa onde vivia.

Para a família, a morte teve motivação política e foi a mando do crime organizado, mas a polícia afirma que essa hipótese não apareceu no inquérito, e, portanto, trata o caso como crime comum.

Após ter o pedido negado, a família diz que vai denunciar o Estado por omissão  à Organização dos Estados Americanos (OEA), órgão internacional de defesa dos direitos humano.

"Apesar da decepção, afinal eles demoraram 12 anos para dizer não, ao menos agora podemos denunciar o Estado brasileiro por omissão. A decisão do Ministério da Justiça está totalmente equivocada diante de todos os elementos apresentados. O crime teve repercussão nacional, foi contra agente público no exercício da função, feriu os Direitos Humanos e, além disso, Toninho ajudou na investigação federal da CPI do Narcotráfico", declarou o advogado.

A negativa do ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, foi a primeira manifestação formal indeferindo o pedido. Procurado pelo UOL desde ontem, o ministério não comentou a decisão.

A família já havia tido solicitações negadas, inclusive pela Polícia Federal, mas nunca tinha tido retorno definitivo do governo.

Em 2008, a Polícia Federal entendeu não ser o caso de instauração de inquérito pelo fato de o crime não atender o requisito de repercussão interestadual.

Com a reabertura das investigações em dezembro de 2010, no âmbito estadual, a família de Toninho solicitou a reconsideração em 2012. Novamente a Polícia Federal apresentou um parecer negando a possibilidade de intervir no caso.

“Agora, a Polícia Federal fez um novo parecer em que diz que não há possibilidade de entrar no caso já que a polícia de São Paulo seria competente para as investigações”, disse Ceschi.

Há exatamente um ano, o delegado titular do Setor de Homicídios de Campinas, delegado Rui Pegolo, solicitou uma força-tarefa para ajudar a concluir o inquérito sobre o assassinato do ex-prefeito.

Na ocasião, Pegolo negou que a investigação estivesse inerte, mas admitiu que, com outros 300 inquéritos de homicídios para serem desvendados por sua equipe, precisaria da intervenção da delegacia seccional para avançar no caso.

Memória: crime aconteceu em 2001

No entanto, segundo a família, tudo ficou apenas no anúncio. “Não fizeram nada. Anunciaram a força-tarefa e pararam por aí, mas agora nós vamos à OEA”, disse a viúva Roseana Moraes Garcia.

A reportagem tentou contatar o delegado titular da Delegacia de Homicídios, mas não obteve retorno.

O caso

O inquérito da morte de Toninho do PT chegou a ser concluído, e o Ministério Público apresentou denúncia contra o sequestrador Wanderson Nilton de Paula Lima, o “Andinho”, alegando que Toninho foi morto porque seu carro atrapalhou a passagem de criminosos do grupo de Lima.

Os juízes e o desembargador do caso não se convenceram da acusação, e a Justiça ordenou que o inquérito fosse reaberto em 2010.