Defesa de PM diz que delegado do caso Juan é "burro" e "imbecil"
O advogado Marco Antônio Gouvea de Faria, que defende o policial militar Rubens da Silva, um dos quatro réus acusados da morte do estudante Juan Moraes, 11, disse nesta quinta-feira (12) que a acusação contra o seu cliente se deve à "maldade de um delegado burro", em referência ao ex-titular da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense, Ricardo Barbosa, ouvido na terça-feira (10) como testemunha de acusação.
Barbosa foi o condutor da investigação que concluiu que Silva e os também PMs Edilberto Barros do Nascimento, Isaías Souza do Carmo e Ubirani Soares assassinaram o menor. O crime ocorreu em junho de 2011.
"Isto aqui [julgamento] é um engodo. Uma farsa montada em cima de um inquérito de um delegado com cara de bom moço, mas que é incompetente e despreparado. (...) Um jovem e imbecil delegado de polícia. (...) Novo, burro e despreparado. Estamos aqui por causa da mente fértil desse delegado para trabalhar mal e induzir o Ministério Público ao erro", disse Faria.
O júri
- PMs acusados de matar menino Juan dizem que agiram de acordo com o dever
- PM diz que moradores contaram que traficantes esconderam corpo de Juan
- "Não esquenta que é vagabundo", teria dito PM sobre irmão de Juan que sobreviveu
- Delegado que registrou sumiço diz que estranhou PMs não terem visto Juan
- No Rio, delegado do caso Juan diz que não houve confronto no dia do crime
- Promotoria e defesa concordam sobre presença de Juan na cena do crime
- Mãe de Juan disse que PMs a procuraram em casa após sumiço de seu filho
- "Vi na hora que Juan tomou o tiro e voou", diz 1ª testemunha em júri
Chamado à fase de debate --que antecede à reunião dos jurados no Conselho de Sentença--, o advogado afirmou ainda que o inquérito de 66 folhas da DH da Baixada sobre o desaparecimento e morte de Juan "mais parece um conto policial". As críticas pessoais e profissionais a Barbosa não cessaram. "Ele não tem competência para ser delegado nem em Tinguá [município do Rio], que tem 1.200 habitantes".
"[O julgamento] é um absurdo. Uma patranha. O Rubens sequer foi naquele morro [do Danon, em Nova Iguaçu, onde Juan morava com a família]. Sequer subiu o morro. Ele só foi no morro quando acabou toda a ação. Uma ação legítima. O delegado despreparado disse que o Rubens ficou no asfalto sabendo qual era a intenção da operação, que os PMs já subiram o morro para matar", completou.
Último dia
Nesta quinta-feira (12), o julgamento sobre a morte do menino Juan Moraes, 11, e de Igor de Sousa, 17, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, na noite de 20 de junho de 2011, entra em seu último dia. A previsão é que a decisão saia na madrugada desta sexta-feira (13).
Além das mortes, ficaram feridos e sobreviveram Wesley Felipe Moraes da Silva, irmão de Juan, e Wanderson dos Santos de Assis. Quatro policiais militares respondem pelo crime de duplo homicídio qualificado e duas tentativas. Isaías Souza do Carmo e Edilberto Barros do Nascimento, atiraram contra os jovens, e Ubirani Soares e Rubens Silva, participaram do crime ao transportarem os policiais e o corpo de Igor, de acordo com a denúncia.
Ao todo, 13 testemunhas foram ouvidas de segunda (9) até quarta-feira (11), entre os sobreviventes, a mãe de Juan, Rosineia Maria Moraes, moradores da comunidade do Danon, onde aconteceu o crime, peritos, dois delegados e um comandante da PM. Em todos os dias de júri, o plenário da 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu estava lotado de colegas dos acusados e interessados no julgamento.
Nesta quinta, o promotor Sérgio Ricardo Fonseca, defendeu a tese de assassinato, de que os PMs atiraram sem que houvesse confronto. Já os advogados de defesa dos policiais argumentam que os policiais se defenderam do ataque e que os jovens podem ter sido baleados por traficantes da comunidade, que supostamente atacaram os policiais.
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