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Promotor do caso Amarildo diz que prova do inquérito é toda testemunhal

Giuliander Carpes

Do UOL, no Rio

02/10/2013 20h28Atualizada em 03/10/2013 13h19

O promotor de Justiça Homero das Neves Freitas, que recebeu o inquérito da Divisão de Homicídios sobre o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, disse na noite desta quarta-feira (2) que toda a prova da investigação é testemunhal. Segundo o promotor, não há qualquer indício físico que incrimine os dez policiais militares indiciados - inclusive o major Edson Santos, ex-comandante da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora).

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"A coragem que tempera o inquérito do caso Amarildo é inversamente proporcional ao destaque diminuto que as conclusões policiais receberam nos meios de comunicação: parece que se trata apenas de mais uma peça produzida pela Polícia Civil do Rio de Janeiro"

“A prova é toda testemunhal. A prova testemunhal é a chamada 'prostituta das provas'. Eu tenho indícios mínimos para oferecer denúncia contra os policiais militares. Não quer dizer que eles são os culpados. Isso quem vai definir é o juiz de direito”, afirmou Freitas, que deve oferecer a denúncia à Justiça, juntamente com o pedido de prisão dos PMs, até a próxima sexta-feira (4).

O promotor admitiu que ainda não teve tempo de ler todo o inquérito elaborado pela Divisão de Homicídios - são mais de 2.000 páginas e 180 folhas de relatório -, mas assegurou que não existe uma única prova na investigação que diga com certeza que o pedreiro sofreu choques elétricos e foi asfixiado com saco plástico dentro do contêiner da UPP.

“Existem testemunhas que disseram que já foram torturadas dentro da UPP. Eu não tenho nada no relatório que diga que o Amarildo levou choque elétrico, dedo no olho, nada disso”, garantiu o promotor.

Segundo reportagem de "O Globo" publicada nesta quarta, o pedreiro teria sido vítima de choques elétricos e interrogatório com auxílio de um saco plástico na cabeça. Como era epiléptico, acabou não resistindo. Os policiais teriam tentado arrancar dele informações sobre localização de armas e traficantes da parte baixa da favela, onde Amarildo morava com a família.

O promotor explicou que dez policiais militares foram indiciados e não apenas cinco como se esperava inicialmente. “São duas guarnições, uma apoiando a outra. Isso eu já li no relatório.”

O delegado da Divisão de Homicídios, Rivaldo Barbosa, convocou entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira, mas deu poucos detalhes da investigação. Barbosa, no entanto, disse estar convicto do resultado do inquérito.

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