Família esconde morte de criança à mãe internada após atentados em São Luís
Por orientação médica, a família da jovem Juliane Carvalho Santos, 22, internada no HRAN (Hospital Regional da Asa Norte), em Brasília, ainda não sabe que sua filha, de seis anos, morreu dois dias após os ataques a ônibus em São Luís, no último dia 3.
Segundo a irmão de Juliane, Jorgiane Carvalho, a jovem –que está internada em Brasília e passa por cirurgia nesta sexta-feira (10) -- sofre de depressão e toma remédio controlado. Por conta disso, familiares e médicos decidiram não informar sobre a morte da filha, até que ela melhore o quadro de saúde, ainda considerado grave.
“Ela pergunta sempre, e a gente tenta mudar de assunto. Ela já nem acredita mais na gente. Quando chegam pessoas de fora, ela diz que está sentindo que está acontecendo alguma coisa, que estão escondendo”, afirmou Jorgiane, que nesta sexta-feira se reuniu com integrante da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Maranhão.
Boletim médico divulgado pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal na manhã desta sexta informa que Juliane tem 40% do corpo queimado, em situação estável, mas ainda grave, e que está consciente e respirando sem ajuda de aparelhos. A assessoria do hospital não deu mais informações.
Além de Ana Clara, que morreu na última segunda-feira, Juliane também é mãe da bebê de um ano e cinco meses que teve queimaduras na perna e segue internada em São Luís, mas em estado estável.
Tratamento
Segundo a irmã da vítima, a transferência para Brasília –que está sendo custeada pelo governo do Estado-- ocorreu porque o estado de saúde da jovem tinha se agravado e não haveria estrutura adequada para tratar a vítima.
“O que me passaram é que agora está tendo tratamento adequado. Aqui ainda não havia tomado banho, tinha edema pulmonar, pneumonia e começo de infecção. Só que agora ela está numa sala reservada, com minha mãe acompanhando, e já teve melhora”, disse.
A preocupação agora é com a bebê que segue internada em São Luís. “Ao que parece, aqui em São Luís não tem nenhum preparo. Então queremos ver que o pode a comissão pode fazer por ela”, disse.
Também presente à reunião na Assembleia, Augusto Nunes, irmão de Márcio Ronny da Cruz, 37, internado em Goiânia e também vítima dos atentados em São Luís, cobrou mais ajuda por parte do governo do Estado.
“Existe uma insatisfação de nossa família com relação à manutenção de nossa mãe, que o acompanha em Goiânia. O governo não disse que ela teria que se manter lá. A única resposta do hospital é que teria uma casa de passagem para os acompanhantes. Ele está na UTI e no isolamento total”, disse, afirmando que a mãe deles está pagando R$ 48 por dia para se hospedar em um hotel.
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