A ação do Bope (Batalhão de Operações Especiais) que resultou em 9 mortes no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, em junho de 2013, está sendo reconstituída no Complexo de favelas desde as 15h desta terça-feira (8). As mortes reconstituídas são do jovem Jonatha Faria da Silva, 16; do sargento do Bope Edinelson Geronimo, 42; e do garçom Eraldo Santos da Silva, 35.
"Esta é a maior reconstituição da história da Divisão de Homicídios, em número de vítimas", afirmou o delegado Rivaldo Barbosa, titular da DH (Divisão de Homicídios). Barbosa comparou o trabalho na Maré à reconstituição do caso do desaparecimento e morte do pedreiro Amarildo de Souza, em setembro do ano passado, que durou 18 horas e mobilizou aproximadamente 100 policiais. A expectativa do delegado é que a reconstituição ocorra durante toda a madrugada até a manhã desta quarta-feira (9).
Durante a reconstituição da morte do sargento Edinelson Jerónimo dos Santos, que integrava a equipe do Bope, um soldado do batalhão contou que ele e Edinelson foram surpreendidos por tiros vindos da rua Teixeira Ribeiro e de outra rua ao lado. Edinelson foi atingido no joelho e na cabeça.
A primeira reconstituição feita nesta terça-feira, porém, foi do adolescente Jonatha Faria da Silva, que fazia parte do tráfico de drogas da favela Nova Holanda, segundo a delegada-assistente da DH, Elen Souto. Em posse de Jonatha, que não tinha antecedentes criminais, a polícia informou ter encontrado uma granada, uma pistola e munição.
"Não há contradição com os depoimentos dos policiais. A reconstituição foi bem satisfatória porque a gente conseguiu entender como aconteceu a morte desse rapaz", afirmou Elen.
Além da reconstituição das mortes de Edinelson dos Santos e Jonatha da Silva, os policiais realizaram cinco perícias técnicas no Campo da Baixinha, na favela da Baixa do Sapateiro, e na localidade conhecida como Beco de São Jorge. Os peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli analisaram o local em que Renato Alexandre Melo da Silva foi encontrado morto. Nesse beco morreram ainda Fabrício Gomes de Souza, Carlos Eduardo Silva Pinto e André Gomes Souza Júnior. Os três são acusados pela polícia de envolvimento com o tráfico.
A ação conta com a presença de cinco delegados, 10 peritos criminais, três peritos legistas e 80 agentes da DH, além de policiais da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais).
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O titular da Divisão de Homicídios intimou 40 policiais militares do Bope e do Choque, além dos comandantes dos batalhões à época da operação. Rivaldo Barbosa afirmou que, em função do extenso trabalho, não há prazo definido para concluir as diligências.
"Cada um desses 40 homens vai dizer onde estava na hora da operação dentro da favela. Tanto poderemos tirar dúvidas sobre as versões, como confirmar informações das perícias anteriores", disse. "Vamos confrontar os depoimentos dos policiais com as perícias já feitas no ano passado, e também ver se as lesões correspondem ao que foi relatado pelos policiais", completou Barbosa.
Mortes
No dia 24 de junho de 2013, um grupo de criminosos promoveu um arrastão na Avenida Brasil, no momento em que moradores participavam de uma manifestação em Bonsucesso, na altura da favela Nova Holanda. Após policiais do 22º Batalhão entrarem em confronto com criminosos, o Bope chegou para reforçar a operação. Durante o confronto, por volta das 20h30, o sargento Ednelson Jerônimo dos Santos Silva foi morto durante incursão de policiais à rua Teixeira Ribeiro. Já na madrugada, o garçom Eraldo Santos da Silva foi atingido por um tiro no rosto, na esquina entre as ruas Ary Laje e Cândido Portinari. Por volta das 11h30 do dia 25 de junho, Jonatha Faria foi morto em Nova Holanda, durante um confronto entre policiais e traficantes.
Os outros seis mortos na operação eram, de acordo com a polícia, suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas. Durante a ação do Bope, pelo menos cinco moradores ficaram feridos.
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