SP: Paralisação de ônibus deve continuar na 4ª, diz presidente de sindicato
A paralisação de ônibus iniciada por motoristas e cobradores nesta terça-feira (20), em São Paulo, causando tumulto e recorde de lentidão no trânsito da capital paulista, deve ser mantida durante a quarta-feira (21), na avaliação do presidente do Sindimotoristas, José Valdevan, o Noventa.
Os motoristas e cobradores que paralisaram centenas de linhas de ônibus e fecharam 15 terminais em São Paulo pertencem a uma dissidência da atual direção do Sindimotoristas --que representa a categoria na capital paulista-- que, até agora, preferiu manter-se no anonimato. Segundo Noventa, o grupo dissidente promete manter a paralisação nesta 4ª.
A CET informou que a suspensão do rodízio na manhã de quarta ainda não está definida e depende da paralisação dos ônibus.
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O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), comparou a paralisação à atuação de uma guerrilha.
"É uma guerrilha inadmissível na cidade de São Paulo. Como você entra no ônibus e manda o passageiro descer? Coloca o ônibus na transversal e joga a chave fora", disse ele em entrevista ao jornalista José Luiz Datena, da Band. "É um absurdo, como um sindicato fecha o acordo e uma minoria age na cidade desta maneira?".
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O pouco que se sabe do grupo dissidente é que eles exigem um reajuste maior do que os 10% propostos pelas empresas de ônibus e aprovados na última segunda-feira (19) em assembleia da categoria que reuniu milhares de trabalhadores.
Segundo José Valdevan, o Noventa, presidente do Sindimotoristas, a categoria abriu negociação com as empresas exigindo 13% de reajuste. Inicialmente, o SP Urbanuus, sindicato patronal das empresas de ônibus, ofereceu 5,2% de reajuste, equivalente à inflação do último ano. Diante da recusa dos trabalhadores, o sindicato patronal subiu a proposta de reajuste os 10%.
Também foi oferecido aumento de R$ 1,20 no vale-refeição diário, de passou de R$ 15,30 para R$ 16,50, além de uma parcela fixa anual de R$ 850, referente à participação nos lucros e resultados (PLR). O acordo também prevê o reconhecimento de insalubridade, que permitirá aos motoristas e cobradores se aposentar com 25 anos de trabalho (atualmente o tempo de serviço é de 35 anos para homens e 25 para mulheres).
Ainda foi acordado que as mulheres terão direito a licença-maternidade de 180 dias e que haverá melhoria na qualidade dos produtos da cesta básica.
O motorista Denilson Roberto, que participou das paralisações, disse que os dissidentes querem reajuste de 20%. "O aumento foi muito pouco. VR muito pouco. Prometeram 20% [de reajuste], mas só deram 10%. Se a gente não fizer essa manifestação, a gente não vai para lugar nenhum", disse.
Outros dissidentes disseram ao longo do dia, em entrevistas à imprensa, que querem reajuste de no mínimo 15%. "Eles não falam coisa com coisa. Tem um monte de conversa aí, mas até agora ninguém apareceu para dizer o que quer. Só mandaram recado", afirmou Noventa.
O secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, classificou como "injustificável" a paralisação de motoristas e cobradores em São Paulo. Ele afirmou que "um pequeno grupo está sabotando" o transporte público, e disse ainda que a PM (Polícia Militar) precisa agir para garantir o direito de ir e vir das pessoas.
"Cheira a sabotagem o que estão fazendo na cidade de São Paulo. Não é uma manifestação legítima, não há uma pauta clara e os representantes do sindicato não estão participando", afirmou o secretário.
Tumulto
Em razão das paralisações, A CET chegou a suspender o rodízio de carros e a PUC-SP, as aulas. Os protestos atingiram cerca de 30% do total de linhas que circulam na capital (que são aproximadamente 1.300). Segundo a SP Trans, foram fechados os terminais Bandeira, Princesa Isabel, Amaral Gurgel, Parque Dom Pedro e Mercado (centro), Pinheiros, Lapa, Barra Funda, Butantã (zona oeste), Casa Verde, Pirituba, Santana, Cachoeirinha (zona norte), Varginha e Sacomã (zona sul).
Passageiros reclamaram da falta de ônibus em diversos pontos da cidade. Os motoristas iniciaram a paralisação no largo Paissandu, no centro de São Paulo, por volta das 9h50. Ruas e avenidas importantes das zonas oeste, sul e do centro foram fechadas pelos manifestantes.
Os motoristas enfrentaram trânsito recorde em São Paulo, nesta terça-feira (20), dia em que uma paralisação inesperada de ônibus iniciada por motoristas e cobradores tumultuou a capital paulista. Às 19h, a capital registrava 261 km de engarrafamento, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
A média para o horário fica entre 105 km e 139 km. O recorde anterior foi registrado há pouco mais de um mês, na véspera do feriadão de Páscoa e Tiradentes: 258 km, em 17 de abril deste ano, às 17h30. O maior trânsito já registrado em São Paulo é de 309km, no dia 14 de novembro de 2013, às 18h.
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