Rio: para líder grevista, pressão de empresas levou motoristas ao trabalho
Um dos líderes do movimento de motoristas e cobradores de ônibus grevistas no Rio de Janeiro, Hélio Teodoro, afirmou acreditar que a baixa adesão à paralisação de 24 horas desta quarta-feira (28) se deu devido à pressão das empresas sobre os funcionários.
"Tem muita gente sem dinheiro, o patrão pressiona e o pessoal tira o ônibus da garagem, não tem jeito", disse Teodoro.
O motorista Agnaldo Santos, que trabalha na linha 460, concorda. Ele é a favor da greve e gostaria de reivindicar melhores salários, mas afirma não poder deixar o trabalho por motivos financeiros. "Tenho parentes que precisam de mim, doentes. Mas acho um absurdo um aumento de 10% apenas. Se eu pudesse, com certeza teria parado também", afirmou.
Já Alberto dos Santos, da linha 232 (Lins-Praça 15), disse que saiu para trabalhar normalmente porque, faltando ao trabalho, perde o dia e a folga semanal. "E aí eu pergunto: quem vai pagar as minhas contas no fim do mês?", questionou.
A decisão de paralisar o serviço hoje foi tomada na noite de terça (27), em uma assembleia com 150 pessoas. Ao contrário das outras vezes, quando menos de 20% dos ônibus circularam, dessa vez cerca de 80% dos ônibus atendem à população, segundo estimativa do secretário municipal de Transportes, Alexandre Sansão. Já o Rio Ônibus, sindicato das empresas, estima que 90% da frota está circulando sem problemas.
Algumas empresas de ônibus chegam a oferecer pagamento extra - de R$ 100 a R$ 250 - para os motoristas que aceitassem trabalhar nos dias de paralisação. A informação foi confirmada por diversos motoristas ouvidos pelo UOL.
O Rio Ônibus, no entanto, afirmou que "desconhece totalmente essa atitude de pagar os motoristas e cobradores para trabalhar". Segundo o sindicato patronal, a baixa adesão à paralisação se deve à presença de policiais militares nas garagens, "o que proporcionou tranquilidade aos motoristas e cobradores, que puderam trabalhar sem medo de intimidações e atos de vandalismo".
O Rio Ônibus foi contra a paralisação, que ocorre à revelia do sindicato da categoria, e informou em nota que pediria para a Justiça decretar a abusividade e a suspensão imediata da paralisação dos rodoviários.
Na última semana, quando os rodoviários cogitaram a liberação das catracas ao invés de paralisação na oferta de ônibus, o Rio Ônibus disse "repudiar" a intenção e chegou a afirmar que a ação pode configurar crime --dependendo da interpretação da Justiça--, passível de demissão por justa causa, conforme o artigo 428 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
Questionado, Teodoro afirmou que estuda mudar a estratégia para obter o aumento salarial de 40% (e não os 10% acordados entre o sindicato da categoria e as empresas de ônibus), o fim da dupla função e reajuste no valor da cesta básica –de R$ 150 para R$ 400--, mas que liberar as catracas não é mais uma possibilidade: "O movimento é muito fraco para isso." (Com Agência Brasil)
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