Rodoviários chegam a acordo e encerram greve de 14 dias em Natal
A greve dos rodoviários em Natal, que completou 14 dias ontem, acabou nesta quinta-feira (26) após a classe patronal assegurar aos trabalhadores que não haveria corte de ponto dos dias paralisados. Também foi reaberta a negociação para reajuste do valor do ticket-alimentação.
A reunião entre o Sintro (Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Natal), filiado à CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), e o Seturn (Sindicato das Empresas da Transportes Urbanos) ocorreu no início desta manhã. A previsão é que até o meio-dia todos os ônibus já estejam circulando em Natal.
Na última terça-feira (24), o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) determinou que o Seturn concedesse o reajuste de 7,32% nos salários dos rodoviários, já retroativo ao mês de maio, e o aumento de R$ 10 no ticket-alimentação. O novo salário dos motoristas de ônibus será de R$ 1.557,48.
O TRT havia informado que os empresários poderiam demitir os rodoviários que não trabalhassem a partir de quarta-feira e considerou o movimento abusivo. A Justiça também havia estipulado multa de R$ 150 mil em caso de descumprimento da decisão.
Com o julgamento do dissídio coletivo, a Justiça determinou que o Sintro encerrasse a greve imediatamente. Porém os rodoviários pararam toda a frota na quarta-feira (25).
O presidente do TRT-RN, desembargador José Rêgo Júnior, autorizou ontem que as empresas de ônibus façam uso da “força policial” para garantir a circulação dos ônibus em Natal. A PM (Polícia Militar) informou que, desde as primeiras horas desta quinta-feira, policiais se encontravam nas portas das seis garagens das empresas de ônibus em Natal. “A ordem pública está sendo garantida.”
Natal possui uma frota de 620 ônibus e atende a 530 mil usuários por dia. Moradores reclamaram que foram pegos de surpresa com a greve. O IFRN (Instituto Federal do Rio Grande do Norte) chegou a suspender as aulas por tempo indeterminado, pois os alunos não conseguiam chegar ao campus central.
A greve
Rodoviários entraram em greve no último dia 12, no dia da abertura da Copa do Mundo, o que afetou cerca de 530 mil pessoas por dia, entre moradores e turistas de Natal, uma das cidades-sede do Mundial.
O Sintro pleiteava o reajuste de 16% nos salários e no ticket-alimentação, de R$ 197,35 para R$ 450. Na semana passada, a categoria recusou a proposta de aumento de 6,5%, baseado na inflação, dada pelo Seturn (Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros do Município do Natal). No último dia 12, o Sintro já havia recusado a proposta da classe patronal de 5,68%, seguindo o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).
No último dia 11, o desembargador José Rêgo Júnior determinou que os rodoviários mantivessem pelo menos 70% da frota operando em horário de pico e 50% nos horários de pouca demanda de passageiros. O horário de pico compreende o intervalo entre as 5h e as 9h e entre as 16h e as 20h. O Sintro acumulou dívida de R$ 250 mil em multas.
Prejuízos
O comércio de Natal contabilizou a queda de 70% nas vendas e cogitou a possibilidade de demissões no setor.
Durante o período da greve, o transporte coletivo foi feito com o reforço de micro-ônibus, vans e táxis-lotação que se cadastraram na prefeitura para fazer o transporte alternativo. Apesar da liberação do transporte alternativo, a oferta do transporte não conseguiu atender a alta demanda.
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