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Após confronto com PMs, moradores do Alemão marcam novo protesto no Rio

Terezinha Maria de Jesus e José Maria Ferreira de Sousa, pais de Eduardo de Jesus, de 10 anos, morto com um tiro de fuzil na cabeça, no Complexo do Alemão (Rio) - Fábio Gonçalves/Agência O Dia/Estadão Conteúdo
Terezinha Maria de Jesus e José Maria Ferreira de Sousa, pais de Eduardo de Jesus, de 10 anos, morto com um tiro de fuzil na cabeça, no Complexo do Alemão (Rio) Imagem: Fábio Gonçalves/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

04/04/2015 06h00

A manifestação na tarde desta sexta-feira (3) em um ponto movimentado na comunidade do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, mostrou a indignação de seus moradores após uma criança de 10 anos ser morta com um tiro de fuzil na porta da casa dos pais. E indicou também que os ânimos estão longe de se acalmarem. Houve confronto com policiais militares enviados ao local para conter os manifestantes, embora o protesto tenha começado pacificamente. Um novo ato pela paz foi marcado para as 10h deste sábado (4), como divulgado pelo Twitter.

Os pais do garoto Eduardo de Jesus Ferreira, que morreu na quinta-feira, são do Piauí e querem deixar o Rio. Terezinha Maria de Jesus, mãe do menino, contestou em entrevistas a versão dada pela Polícia Militar de que havia um tiroteio contra traficantes, por conta de operação do Batalhão de Choque, quando Eduardo foi atingido na cabeça. Ela conta que ouviu um único disparo de arma antes de o filho cair morto no chão, e que um celular nas mãos do garoto teria sido confundido com uma pistola.

Os policiais que participaram da ação foram afastados e tiveram as armas recolhidas para averiguação. Na manifestação de ontem, a segunda desde a morte da criança, os participantes seguraram lençóis e panos brancos, em alusão a um pedido de paz, enquanto caminhavam pelas ruas.

A estrada do Itararé, uma das principais entradas da comunidade, foi interditada pelo protesto, e a partir disso a PM começou a usar bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta contra as pessoas, em alguns casos, sem necessidade. Alguns moradores reagiram atirando pedras e garrafas na direção dos policiais.

No início da noite de ontem, o governo do Rio informou que vai arcar com as despesas do funeral de Eduardo. Por determinação do governador Luiz Fernando Pezão, serão bancados os gastos com traslado e sepultamento do corpo no Piauí, assim como a viagem dos pais até o Estado.

A criança foi a quarta vítima na região em um período de 24 horas.

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