Após Rocinha, militares estendem cerco a 4 favelas da baixada; PM age no Alemão e Vidigal
A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu ao menos quatro suspeitos, nesta quarta-feira (27), durante operação nas favelas Barro Vermelho, Sapinho, Geruza e Dique 2, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A ação ocorre com o apoio da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e das Forças Armadas.
Na manhã de hoje, equipes do COE (Comando de Operações Especiais) também fazem operações na Rocinha (Batalhão de Choque) e no Vidigal (Batalhão de Ações com Cães, o BAC), na zona sul carioca, e no Alemão (Batalhão de Operações Especiais, o Bope), na zona norte da capital.
No 3º dia de trégua de confrontos armados intensos na Rocinha, escolas começaram a reabrir. No entanto, mais de 800 estudantes continuam sem aulas. Em toda a cidade, em decorrência das operações em outras favelas, cerca de 1.600 alunos são prejudicados.
Para que os agentes da Polícia Civil pudessem acessar as comunidades na Baixada Fluminense, tropas do Exército fizeram um cerco a algumas dessas regiões e posicionaram grupos de militares em pontos estratégicos "para garantia da ordem no entorno" das favelas, segundo informou a Secretaria de Estado de Segurança Pública do RJ.
Além das quatro pessoas detidas --duas foram alvo de mandados de prisão e as outras duas receberam voz de prisão em flagrante--, a polícia recuperou duas motos e um carro roubado.
O objetivo da operação é localizar e prender traficantes que estariam envolvidos na morte de um menino de oito anos, que foi baleado durante um arrastão em Duque de Caxias, no início deste mês. Os mesmos criminosos também estariam ligados, de acordo com a DHBF (Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense) e a 60ª DP (Campos Elíseos), ao assassinato de um sargento do Exército, em julho.
A ação integrada da Polícia Civil, da PRF e das Forças Armadas ocorre cinco dias depois do início de um grande cerco militar à Rocinha, favela da zona sul carioca que tem sido palco de uma sangrenta disputa entre grupos rivais pelo controle do tráfico de drogas. A ocupação na Rocinha acontece por tempo indeterminado, segundo o secretário de Segurança, Roberto Sá.
Entenda o cenário de guerra na Rocinha
Na última sexta-feira (22), policiais militares e homens do Exército subiram a comunidade com tanques de guerra na tentativa de reprimir os criminosos. No entanto, durante a operação, muitos conseguiram fugir pela extensa mata que circunda a região da Rocinha.
De acordo com as forças policiais, esses grupos de traficantes buscaram refúgio em outras favelas do Rio de Janeiro, sobretudo na região da Tijuca, bairro da zona norte carioca.
Escolas reabrem após trégua na Rocinha
Na Rocinha. dos 3.344 alunos que estavam sem aula desde segunda (25), 2.527 retomaram as atividades normalmente na manhã de hoje. Apenas dois colégios, totalizando 817 estudantes, continuam fechados.
Em toda a cidade, segundo a Secretaria Municipal de Educação, as aulas foram suspensas em duas escolas, uma creche e quatro EDIs (Espaços de Desenvolvimento Infantil) em razão de confrontos. No total, são prejudicados 1.632 crianças e adolescentes.
Embora as escolas na Rocinha tenham começado a reabrir, a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da comunidade, localizada entre as ruas 1 e 2 (a unidade de saúde mais próxima para os moradores), continua fechada por medida de segurança.
O atendimento foi redirecionado para a Clínica da Família Rinaldo de Lamare (plantão diurno), na estrada da Gávea, e para o Hospital Municipal Rocha Maia (plantão noturno), em Botafogo, a mais de 10 km da favela.
Moradores da Rocinha criticam ação militar
Para moradores da Rocinha, a presença do Exército nas principais ruas, bloqueando em especial parte do trânsito na estrada da Gávea, não se justifica. Com os tanques, ônibus e vans não conseguem manobrar na via; há ainda um bloqueio próximo à passarela, obrigando os moradores a darem uma volta maior para acessarem a favela. Desde a semana passada, ônibus e transporte escolar não passam por dentro da comunidade.
Presidente da associação de moradores, Carlos Eduardo Barbosa lembrou ontem, em reunião comunitária, a possível instauração de uma medida judicial para inspecionar casas coletivamente. Para ele, a autorização da Justiça não se faz necessária, porque casas já foram invadidas. Moradores denunciaram no fim de semana que policiais em busca de traficantes arrombaram suas casas.
"Recebemos relatos de comerciantes que tiveram mercadorias roubadas, de moradores com as casas invadidas... A Rocinha não está em guerra, esse cerco, o que estão fazendo com a gente é covardia."
Durante o fim de semana, o secretário de Segurança, Roberto Sá, disse que um mandado de busca coletivo estava em elaboração e seria apresentado no momento oportuno.
O comandante da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha, major Cunha Neves, defendeu a ação da polícia e dos militares e disse que é preciso levar em conta que há dois grupos de traficantes em guerra. "Não cobro que tomem partido contra o tráfico, sei que é difícil para quem mora aqui. Mas não venham defendê-los. Esses que queimam pessoas em pneus não são os bonzinhos."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.