Segurança suspeito de incendiar creche morre em hospital de MG
Morreu na tarde desta quinta-feira (5), no Hospital Regional de Janaúba (547km de Belo Horizonte), o segurança Damião Soares dos Santos, 50, apontado pelas autoridades de segurança como principal responsável pelo incêndio que matou quatro crianças, hoje pela manhã, em uma creche da cidade. Todas as vítimas tinham quatro anos de idade.
Santos trabalhava como segurança noturno da unidade, na condição de funcionário efetivo, desde 2008. De acordo com testemunhas, ele teria ateado fogo ao próprio corpo e ido em direção às crianças durante o ataque.
Às 16h30, o delegado que chefia o inquérito sobre o caso, Bruno Barbosa Fernandes, confirmou a morte do segurança --que estava internado em estado grave no mesmo hospital para onde foi levada parte das vítimas. Ao todo, o ataque deixou ao menos 40 pessoas feridas --15 delas (11 crianças e quatro adultos), em estado grave.
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Um dos casos graves é de uma professora da creche, que está com o corpo todo queimado, segundo Lilian Gonçalves, diretora do Hospital Regional de Janaúba. Os nomes das crianças que morreram no incêndio são: Juan Pablo Cruz dos Santos, Luiz Davi Carlos Rodrigues, Juan Miguel Soares Silva e Ana Clara Ferreira Silva.
Segurança guardava galões com álcool em casa
De manhã, equipes da Polícia Civil estiveram na casa do segurança e na de familiares dele. "Fomos até a casa do suspeito e encontramos vários galões com álcool, o que pode indicar a premeditação do crime. A casa estava completamente inóspita", afirmou o delegado do caso. De acordo com o policial, três irmãs e a mãe do suspeito também foram ouvidas.
Questionado sobre o que teria causado o ataque à creche, o delegado resumiu: "loucura". "Conseguimos um relatório do Caps [Centro de Apoio Psicossocial] indicando que ele estava em tratamento psiquiátrico desde 2014; ele sofria de muitas manias de perseguição", disse. Ainda conforme o policial, a tendência é que, com a morte do segurança, o inquérito seja arquivado.
"Ele nunca precisou ser afastado do trabalho, nem tinha contato com crianças, já que era segurança noturno. O que ele fez foi algo bestial, covarde, mas nunca tinha manifestado nada disso no ambiente de trabalho, nem tinha orientação de ser segregado do convívio pelo que pudemos apurar junto ao Caps", complementou o delegado.
Suspeito voltaria de férias hoje
Mais cedo, em entrevista ao UOL, o prefeito de Janaúba, Carlos Isaildon Mendes (PSDB), afirmou que o segurança retornaria de férias hoje à creche, que funciona em período integral. A instituição tinha capacidade para 82 crianças e estava cheia na manhã desta quinta-feira.
"Ele tinha acabado de chegar de férias e entrou na escola dizendo que ia entregar um atestado médico, alegando que não passava bem. Mas estava com um balde, e, em um gesto completamente insuspeito, jogou o que seria álcool, que estava nesse balde, no próprio corpo, e no corpo das crianças", afirmou.
Indagado sobre as condições mentais do funcionário, Mendes negou que ele tivesse apresentado algum indício de problemas. "O que me relataram lá é que ele chegou normal e tranquilamente até a diretora para supostamente entregar um atestado médico. Estamos mesmo muito surpresos com o que aconteceu", disse.
Por outro lado, o prefeito disse que o ataque "poderia ter sido pior", já que a sala em que o segurança entrou com o material inflamável era a do segundo período, com crianças de até cinco anos de idade. "Infelizmente, poderia ter sido algo até pior, porque a sala ao lado era o berçário, e evacuar crianças dali seria muito mais difícil. Onde ele atacou as vítimas são maiorzinhas e muitas conseguiram escapar", afirmou.
Morreram no ataque, ainda no local, as crianças Juan Pablo Cruz dos Santos, Luiz Davi Carlos Rodrigues, Juan Miguel Soares Silva e Ana Clara Ferreira Silva. Todas tinham quatro anos. As informações sobre a identidade das vítimas são do Corpo de Bombeiros de Janaúba.
Prefeitura pede doações de remédios, água e roupas
A Prefeitura de Janaúba informou nesta quinta-feira (5) que deslocou todos os médicos da cidade para os hospitais Fundajan e Regional para atendimento às vítimas do incêndio, mas não informou quantos profissionais foram mobilizados. A administração decretou luto oficial de sete dias em função da tragédia.
Apesar de ambulâncias e medicamentos de municípios vizinhos terem sido enviados para o local, a administração, por meio de nota, pediu doações de pomada contra queimaduras, soro fisiológico e itens como metoclopramida e dipirona injetável, além de água mineral, roupas para crianças e roupas de cama.
“Toda ajuda será bem-vinda. Não postem nem compartilhem fotos. Isso só aumenta o sofrimento. Vamos orar por todas as vítimas e suas famílias. Janaúba precisa desse apoio”, diz uma nota assinada pelo prefeito. "A administração municipal manifesta profunda preocupação com o lamentável episódio e direcionou todos os seus esforços para atender os envolvidos e amenizar, de alguma forma, a dor que acomete a todos".
"Foram mobilizados todos os hospitais, equipes de saúde, prefeituras da região da Serra Geral e de outros municípios, Policia Militar, Civil e equipes do Governo de Minas Gerais. Estamos tomando todas as medidas que nos cabem para prestar o melhor atendimento às vítimas e tentar atenuar as consequências do lastimável evento", escreveu o prefeito Mendes.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Janaúba tem uma população estimada em pouco mais de 71 mil habitantes.
Além da unidade atingida pelo incêndio, a cidade conta com outros nove centros municipais de educação infantil, além de sete escolas municipais.
A cidade fica na região norte do Estado, localizada a 132 Km de Montes Claros e 547 km da capital Belo Horizonte.
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