Não há indícios de que Cravinhos possa voltar a matar, indica laudo psicológico
A decisão judicial que permitiu a ida de Daniel Cravinhos de Paula e Silva para o regime aberto foi baseada em um relatório psicológico e no bom comportamento do detento dentro do sistema prisional.
Condenado a 38 anos e 11 meses de prisão pelo assassinato dos pais de Suzane von Richtofen, Manfred e Marísia, em outubro de 2002, Daniel Cravinhos deixou o presídio de Tremembé, no interior de São Paulo, às 16h30 desta terça-feira (16), para cumprir o resto da pena em liberdade. Ele era namorado de Suzane na época do crime.
Segundo a decisão judicial que determinou o benefício ao regime aberto, Daniel foi submetido a exames laborterápicos e criminológicos, tendo laudos psiquiátricos, psicológicos e sociais positivos. De acordo com os exames, Cravinhos amadureceu, tem interesse em retomar a vida em sociedade, com trabalho e ao lado da família, e não há indícios de que ele volte a cometer crimes --entre eles, o homicídio, pelo qual foi condenado.
Veja também:
- Richthofen pode cumprir pena em liberdade, diz laudo
- Pastor acolhe Richthofen como missionária evangélica
- Irmão de Suzane é internado após surto em São Paulo
"O reeducando assumiu a responsabilidade criminal, tendo expressado arrependimento e interpretado a imposição [prisão]", relata a juíza na sentença, que pontua, ainda, que, apesar de a condenação ter sido alta e o crime cometido ter sido grave, Daniel é sentenciado primário, sem reincidência.
"[Daniel] não cometeu falta disciplinar recentemente e vem demonstrando bom comportamento carcerário no regime semiaberto, apresentando atualmente situação processual definida, além de contar com bom desempenho nas atividades laborterápicas", sentenciou a magistrada.
Um funcionário da SAP (Secretaria da Administração Penitenciária), que trabalha em Tremembé, reforçou ao UOL que o ex-namorado de Suzane não apresentava problemas com outros detentos e que seu desempenho nos estudos e trabalho, ocorridos dentro da unidade prisional, eram satisfatórios.
De acordo com relatório do psiquiatra que analisou Cravinhos, ele tem "planos concretos em relação ao futuro", está com a impulsividade controlada e teve "amadurecimento pessoal, com crítica ampla e coerente dos eventos criminosos".
Já segundo o relatório da psicóloga que o analisou, Cravinhos "não apresentou indícios de que voltará a delinquir e nem tampouco características de periculosidade ou personalidade agressiva, estando apto a experimentar o regime aberto".
Ainda de acordo com a psicóloga, Daniel "aprendeu a compreender melhor suas emoções, com autocritica, tendo modificado seus pensamentos e suas atitudes, conseguindo canalizar sua agressividade e impulsos de maneira eficiente".
Antes da liberação, a juíza salientou, ainda, que Daniel Cravinhos foi beneficiado 21 vezes com saídas temporárias, tendo retornado sempre na data e horário estipulados.
Em nota, a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) informou que "foi dado cumprimento ontem, 16, à decisão da MM Sra. Juíza da 2ª Vara de Execuções Criminais de Taubaté, que concedeu a progressão ao regime aberto para o preso Daniel Cravinhos de Paula e Silva. A soltura da Penitenciária II "Dr. José Augusto César Salgado" de Tremembé se deu às 16h35."
Na rua, mas com liberdade restrita
Daniel e o irmão, Christian Cravinhos, foram condenados pela Justiça de São Paulo em 2006. Em agosto de 2017, Christian saiu da prisão após ter sido beneficiado com o regime aberto por bom comportamento e trabalho. Os dois têm liberdade restrita, no entanto. Caso uma das restrições não seja seguida à regra, eles podem voltar à prisão.
De acordo com a Justiça de São Paulo, são seis condições impostas a eles, para que sigam no regime aberto até o fim da pena:
- Obter ocupação lícita no prazo de 60 dias
- Comparecer trimestralmente à vara de execuções criminais para informar suas atividades
- Não se mudar de cidade sem autorização da Justiça
- Não se mudar de casa sem comunicar a Justiça
- Permanecer dentro de sua casa entre 20h e 6h, sempre, salvo por autorização da Justiça
- Não frequentar bares, casas de jogos e "outros locais de frequência incompatível com o benefício"
Suzane von Richthofen permanece no semi-aberto
Enquanto os irmãos Cravinhos estão no regime aberto, Suzane, condenada a 39 anos por tramar o crime, continua na penitenciária feminina de Tremembé, no regime semi-aberto.
Por não estar no regime fechado, ela tem direito a cinco saídas temporárias da prisão durante o ano. Ela foi uma das 33.324 pessoas que saíram de prisões do Estado no fim do ano de 2017, por exemplo.
Ela retornou na data estipulada, assim como 96% do total dos beneficiados. Ela deve progredir ao regime aberto nos próximos meses.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.