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Não há indícios de que Cravinhos possa voltar a matar, indica laudo psicológico

Daniel Cravinhos ao lado da ex-namorada Suzane von Richthofen, em novembro de 2002 - Rogério Cassimiro/Folhapress
Daniel Cravinhos ao lado da ex-namorada Suzane von Richthofen, em novembro de 2002 Imagem: Rogério Cassimiro/Folhapress

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

17/01/2018 15h25Atualizada em 17/01/2018 16h20

A decisão judicial que permitiu a ida de Daniel Cravinhos de Paula e Silva para o regime aberto foi baseada em um relatório psicológico e no bom comportamento do detento dentro do sistema prisional. 

Condenado a 38 anos e 11 meses de prisão pelo assassinato dos pais de Suzane von Richtofen, Manfred e Marísia, em outubro de 2002, Daniel Cravinhos deixou o presídio de Tremembé, no interior de São Paulo, às 16h30 desta terça-feira (16), para cumprir o resto da pena em liberdade. Ele era namorado de Suzane na época do crime.

Segundo a decisão judicial que determinou o benefício ao regime aberto, Daniel foi submetido a exames laborterápicos e criminológicos, tendo laudos psiquiátricos, psicológicos e sociais positivos. De acordo com os exames, Cravinhos amadureceu, tem interesse em retomar a vida em sociedade, com trabalho e ao lado da família, e não há indícios de que ele volte a cometer crimes --entre eles, o homicídio, pelo qual foi condenado.

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"O reeducando assumiu a responsabilidade criminal, tendo expressado arrependimento e interpretado a imposição [prisão]", relata a juíza na sentença, que pontua, ainda, que, apesar de a condenação ter sido alta e o crime cometido ter sido grave, Daniel é sentenciado primário, sem reincidência.

"[Daniel] não cometeu falta disciplinar recentemente e vem demonstrando bom comportamento carcerário no regime semiaberto, apresentando atualmente situação processual definida, além de contar com bom desempenho nas atividades laborterápicas", sentenciou a magistrada.

Um funcionário da SAP (Secretaria da Administração Penitenciária), que trabalha em Tremembé, reforçou ao UOL que o ex-namorado de Suzane não apresentava problemas com outros detentos e que seu desempenho nos estudos e trabalho, ocorridos dentro da unidade prisional, eram satisfatórios.

De acordo com relatório do psiquiatra que analisou Cravinhos, ele tem "planos concretos em relação ao futuro", está com a impulsividade controlada e teve "amadurecimento pessoal, com crítica ampla e coerente dos eventos criminosos".

Já segundo o relatório da psicóloga que o analisou, Cravinhos "não apresentou indícios de que voltará a delinquir e nem tampouco características de periculosidade ou personalidade agressiva, estando apto a experimentar o regime aberto".

Ainda de acordo com a psicóloga, Daniel "aprendeu a compreender melhor suas emoções, com autocritica, tendo modificado seus pensamentos e suas atitudes, conseguindo canalizar sua agressividade e impulsos de maneira eficiente".

Antes da liberação, a juíza salientou, ainda, que Daniel Cravinhos foi beneficiado 21 vezes com saídas temporárias, tendo retornado sempre na data e horário estipulados.

Em nota, a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) informou que "foi dado cumprimento ontem, 16, à decisão da MM Sra. Juíza da 2ª Vara de Execuções Criminais de Taubaté, que concedeu a progressão ao regime aberto para o preso Daniel Cravinhos de Paula e Silva. A soltura da Penitenciária  II "Dr. José Augusto César Salgado" de Tremembé se deu às 16h35."

Na rua, mas com liberdade restrita

Daniel e o irmão, Christian Cravinhos, foram condenados pela Justiça de São Paulo em 2006. Em agosto de 2017, Christian saiu da prisão após ter sido beneficiado com o regime aberto por bom comportamento e trabalho. Os dois têm liberdade restrita, no entanto. Caso uma das restrições não seja seguida à regra, eles podem voltar à prisão.

De acordo com a Justiça de São Paulo, são seis condições impostas a eles, para que sigam no regime aberto até o fim da pena:

  1. Obter ocupação lícita no prazo de 60 dias
  2. Comparecer trimestralmente à vara de execuções criminais para informar suas atividades
  3. Não se mudar de cidade sem autorização da Justiça
  4. Não se mudar de casa sem comunicar a Justiça
  5. Permanecer dentro de sua casa entre 20h e 6h, sempre, salvo por autorização da Justiça
  6. Não frequentar bares, casas de jogos e "outros locais de frequência incompatível com o benefício"

Suzane von Richthofen permanece no semi-aberto

Enquanto os irmãos Cravinhos estão no regime aberto, Suzane, condenada a 39 anos por tramar o crime, continua na penitenciária feminina de Tremembé, no regime semi-aberto.

Por não estar no regime fechado, ela tem direito a cinco saídas temporárias da prisão durante o ano. Ela foi uma das 33.324 pessoas que saíram de prisões do Estado no fim do ano de 2017, por exemplo.

Ela retornou na data estipulada, assim como 96% do total dos beneficiados. Ela deve progredir ao regime aberto nos próximos meses.

Richthofen poderá vir a cumprir restante da pena em liberdade

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