São Paulo tem tráfego acima da média, mas longe de recorde; app de táxi da prefeitura terá desconto
As expectativas de que o paulistano teria uma quarta-feira (21) pós-feriado mais complicada por causa da interdição de trecho da marginal Pinheiros não se confirmaram. Apesar de ter enfrentado uma manhã com vagões de trem lotados e trânsito acima da média durante a manhã, os congestionamentos se mantiveram dentro dos índices esperados para os períodos do dia.
O pico de congestionamento na cidade nesta quarta-feira foi registrado às 9h, quando o índice ficou em 153 km de lentidão, quando a média para o horário é de 92 km a 122 km, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). O recorde no ano para o período da manhã é do dia 6 de agosto, quando atingiu 208 km de congestionamento. No ano, a maior marca foi de 217 km de lentidão, às 14h do dia 6 de julho, dia de jogo do Brasil na Copa do Mundo e véspera do feriado da Revolução de 1932.
"O trânsito hoje na cidade de São Paulo está 20% acima do limite histórico. A nossa expectativa é de que ficasse 30% acima", disse o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), por volta das 8h30.
No horário de pico vespertino, o índice ficou dentro da média. Às 18h30, eram 79 km de congestionamento, dentro da média habitual para o horário, que é entre 70 km e 108 km. Para se ter uma ideia, o recorde histórico de congestionamento em todos os horários é de 344 km, registrado em 23 de maio de 2014.
De qualquer forma, a Prefeitura de São Paulo anunciou nesta noite que vai ampliar as medidas que já estão sendo executadas para melhorar o trânsito da região do viaduto.
Após reunião com representantes dos taxistas e de operadoras de transporte por aplicativo ficou definido que os taxistas irão oferecer 40% de desconto em corridas solicitadas por meio da plataforma SPTaxi que tenham origem ou destino na área afetada pela interdição.
Cerca de 10 km da pista expressa da marginal Pinheiros, na zona oeste, estão interditados por causa do viaduto que cedeu cerca de dois metros nas proximidades do parque Villa-Lobos, a cerca de 500 m da ponte do Jaguaré. A via é rota de acesso à rodovia Castelo Branco (SP-280), principal ligação da Grande São Paulo com o interior paulista, e à marginal Tietê.
Além do acordo com os taxistas e motoristas de aplicativos, foram definidas estratégias para melhorar fluxo de veículos nos arredores da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), próxima ao local de interdição. A abertura dos portões para os caminhões vai começar a partir da meia noite, três horas antes do que era usualmente permitido.
Em nota, a SMT (Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes) informou que a medida vai adiantar as operações internas do entreposto o que ajudará na desobstrução do tráfego no horário de rush no entorno. A entrada de mercadorias no domingo também será liberada a partir das 20h. Até então, a liberação ocorria a partir das 2h.
A rua Xavier Kraus vai passar a ser de mão dupla, o que segundo a CET vai permitir aos motoristas irem da marginal Pinheiros em direção à avenida Dr. Gastão Vidigal. Quem for à Ceagesp vai poder entrar pelo portão 3.
Segundo a prefeitura, no final do ano é esperado que o número de veículos que circulam no pela Ceagesp passe dos 12 mil veículos diários para cerca de 26 mil, por causa das compras de final de ano. O entreposto responsável por cerca de 60% da distribuição de frutas, legumes, verduras, pescados e flores da Grande São Paulo, e 30% do abastecimento nacional.
A SMT também informou que estuda a possibilidade de criar bolsões de estacionamento para embarque e desembarque em locais próximos aos trechos mais críticos da região e nas proximidades de estações e terminais de transporte público, para facilitar a integração entre os tipos de transporte.
Tráfego por trechos de 5 km contra efeito "funil"
As autoridades responsáveis pelos transportes em São Paulo lançaram medidas de emergência para mitigar o impacto da perda de parte estratégica da marginal Pinheiros.
Duas das medidas emergenciais incluem o retorno do trânsito de veículos pela via expressa da marginal em dois trechos descontínuos com cerca de 5 km. O objetivo é evitar o efeito "funil" nas saídas, gerando longas filas de veículos.
Trecho 1: da ponte João Dias, na zona sul, até a ponte Octavio Frias de Oliveira (Estaiada), no sentido Castelo Branco.
Trecho 2: Da ponte Estaiada até a ponte Eusébio Matoso, no sentido Castelo Branco. Nesse ponto, os veículos são levados definitivamente para a pista local, pois a partir dali o bloqueio da pista expressa é total.
Não há prazo para recuperação do viaduto
Mais cedo, o secretário de Mobilidade e Transporte da cidade de São Paulo, João Octaviano Machado, afirmou que a prefeitura ainda não tem um prazo para encontrar a solução técnica para recuperar o trecho do viaduto que cedeu.
De acordo com o MP-SP (Ministério Público de São Paulo), a prefeitura deveria ter criado no ano de 2007 um programa de manutenção de pontes e viadutos, o que não foi realizado. O acordo firmado pelos dois órgãos determina o pagamento de multa de R$ 34 milhões pelo descumprimento.
Inaugurado há 40 anos, em outubro de 1978, com a promessa de encurtar a distância de motoristas entre as marginais e eliminar gargalo de congestionamentos, o viaduto feito de concreto protendido (com resistência adicional em relação ao concreto comum), dispõe de cinco faixas de tráfego e, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), 1.500 veículos circulavam em cada uma delas por hora.
Após o acidente, 20 km da pista expressa da marginal Pinheiros chegaram a ser interditados. Desde segunda-feira (19), o bloqueio da via expressa caiu para 10 km, entre a ponte Eusébio Matoso e o CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros, nas cercanias do local do acidente. Não há previsão para o fim dessa interdição.
Obras emergenciais estão sendo realizadas 24 horas por dia, mesmo sob chuva. Dos 200 m afetados pelo colapso parcial, 120 metros receberam o reforço de escoras de estruturas metálicas para minimizar o risco de colapso total.
Dez estacas, de tamanhos diferentes, estão sendo cravadas no solo, a profundidades variadas (até tocarem terreno impenetrável e nele se apoiarem) para dar sustentação extra à estrutura.
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