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Nem todos os corpos em Brumadinho deverão ser encontrados, dizem Bombeiros

Mauro Pimentel / AFP
Imagem: Mauro Pimentel / AFP

Luciana Amaral

Do UOL, em Brumadinho (MG)

04/02/2019 12h06Atualizada em 04/02/2019 12h31

Nem todos os corpos das vítimas do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho deverão ser encontrados, informou nesta segunda-feira (4) o porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, tenente Pedro Aihara.

"Chega um momento, em que pela questão da decomposição dos corpos, vai ser impossível [de fazer o resgate dos corpos] do ponto de vista fático. Mas até que esse momento chegue, mesmo que chegue quatro, cinco, seis meses, o Corpo de Bombeiros permanece de maneira ininterrupta no local", disse.

A última atualização da Defesa Civil de Minas Gerais, às 21h30 deste domingo (3), informou que 205 pessoas continuam desaparecidas. 114 corpos foram identificados enquanto sete seguem sem reconhecimento.

"Existe essa possibilidade [de corpos nunca serem encontrados]. É uma possibilidade já vislumbrada. Em situações deste tipo, em que a gente tem estrutura colapsada e lama, já é esperado que não toda a totalidade dos corpos seja encontrada. A gente trabalha o mais rápido possível com todo esse efetivo para conseguir recuperar o maior número, mas, evidentemente, pela característica da tragédia e pela situação biológica de decomposição, alguns corpos a gente estima que, infelizmente, não serão possíveis de ser recuperados", completou.

Segundo Aihara, a estimativa é que os trabalhos em Brumadinho levem até seis meses para serem concluídos. Ele lembrou que no desastre de Mariana, também em Minas Gerais, há pouco mais de três anos, ocasião em que houve menos vítimas - 19 pessoas morreram - os bombeiros operaram de forma contínua por três meses.

A segunda-feira amanheceu nublada e chuvosa em Brumadinho, atrapalhando os trabalhos de busca e resgate dos bombeiros. Helicópteros para o transporte de pessoal, por exemplo, estão restritos. A previsão é que o tempo continue assim durante toda a semana. 

Devido à água, Aihara explicou que houve uma movimentação de rejeitos residuais nas zonas afetadas. Esse deslocamento coloca em risco as equipes de bombeiros nas chamadas áreas quentes - onde há maior acúmulo de lama e a probabilidade de se encontrar corpos é maior. Por isso, parte dos brigadistas foi deslocada para percorrer o leito do rio Paraopeba.

"É uma área mais afastada, em que a gente também tem a possibilidade de encontrar corpos. Especialmente quando a gente tem esse movimento de precipitação, acontece um avanço do acúmulo de lama. Então, corpos que estavam naquele momento no limite entre o rio Paraobepa e a área da mancha inundada, eles tendem a ser carreados para a região do rio", afirmou.

A busca ocorre tanto por terra a pé quanto por botes. Ao todo, cerca de 400 militares atuam nas operações em Brumadinho. Da barragem rompida até o leito do rio são aproximadamente 8,8 km.

"Corpos que estavam nessa região limítrofe, eles tendem a passar para dentro do rio. Quando entram em contato com a água do rio, a situação fica mais fluida e aqueles corpos tendem a boiar", disse.

Toda a área atingida pelos rejeitos da barragem foi dividida pelos bombeiros em 44 quadrantes. Num momento inicial, a região foi percorrida em sua integridade de forma mais superficial. Agora, os bombeiros se dedicarão a buscar os corpos em maior profundidade.

A corporação monitora a velocidade do deslocamento da lama causada pela chuva para eventuais movimentações de massa já vistoriadas.